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China amplia influência sobre Argentina

Principal parceiro comercial do país vizinho, Brasil observa Pequim financiar governo de Cristina Kirchner

Chineses investem em obras de infraestrutura, injetam recursos nas reservas e ganham fatia no comércio exterior

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA

O crescimento da influência da China sobre a Argentina nunca foi tão visível quanto em 2014. Medidas inéditas de apoio financeiro anunciadas neste ano somam-se à invasão de produtos chineses no mercado vizinho.

O avanço ocorre a despeito da decisão do Brasil de priorizar as relações políticas e comerciais com a Argentina nos últimos anos. Diante da situação financeira difícil que vive o país vizinho, é de Pequim que partem os principais acenos de ajuda.

Num intervalo de poucas semanas, a China anunciou cerca de US$ 7 bilhões em financiamentos para obras de infraestrutura e um acordo com o Banco Central argentino que permitirá a entrada de US$ 11 bilhões no país -- US$ 700 milhões até o fim do ano.

O acordo é vital para o governo de Cristina Kirchner, que sofre com a falta de dólares. As reservas internacionais estão em cerca de US$ 28 bilhões, o que pode levar a dificuldades em honrar pagamentos com o exterior.

O dinheiro virá inicialmente em yuan (moeda chinesa), que a Argentina poderá converter. Depois, virá em dólar.

PRINCIPAL PARCEIRO

A Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil na região e destino de grande parte dos bens manufaturados nacionais. Apesar disso, segundo representantes do governo ouvidos pela Folha, seria difícil justificar uma ajuda financeira ao vizinho num momento de baixo crescimento e de dificuldades fiscais no Brasil (o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior não comentaram oficialmente o tema).

A China vem aproveitando a brecha. Além do acordo entre os bancos centrais, o governo chinês anunciou em julho que vai financiar com US$ 4,7 bilhões a construção de duas grandes hidrelétricas e com outros US$ 2,1 bilhões a renovação de uma ferrovia.

Os financiamentos ajudam a impulsionar as vendas ao país, como foi o caso dos vagões de trens chineses à Argentina, fechadas em 2010. A compra foi financiada por Pequim, que liberou uma linha de US$ 10 bilhões ao país.

À montanha de dinheiro soma-se US$ 11,4 bilhões que os bancos chineses despejaram na economia argentina em empréstimos de 2005 a 2011, segundo dados do centro de estudos americano Inter-American Dialogue.

No mesmo período, o BNDES, banco de fomento brasileiro, direcionou US$ 2,5 bilhões a companhias com obras no país vizinho.

A inação brasileira na Argentina vêm sendo acompanhada de uma fatura alta: a fatia detida pelo Brasil no mercado argentino caiu de 36,4%, em 2005, para 22,5%, de janeiro a julho deste ano. A da China subiu de 5,3% para 16,2% no mesmo período.


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