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Próximo governo começa sob pessimismo

Cenário previsto pelo mercado para os quatro próximos anos é mais negativo do que em 2002, na 1ª eleição de Lula

Baixa produtividade e cenário externo menos promissor são alguns dos desafios da futura administração

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

O pessimismo de analistas em relação ao futuro da economia ao longo do próximo governo supera o registrado em 2002 quando o mercado temia a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

As projeções da última semana para os próximos quatro anos indicam cenário de atividade econômica mais fraca e inflação maior do que era esperado no mesmo período do ciclo eleitoral antes dos pleitos de 2010, 2006 e 2002.

A taxa de crescimento média projetada para o período entre 2015 e 2018 é de apenas 2,3%, ante 3,5% em 2002. Em 2006 e 2010, as expectativas eram de, respectivamente, 3,6% e 4,5%.

O pessimismo também é maior no que se refere à inflação, ao resultado fiscal do governo, ao desempenho da indústria e das contas externas.

Os dados são do relatório Focus, compilado semanalmente pelo Banco Central com projeções de cerca de cem instituições financeiras.

A lenta recuperação global, principalmente da Europa, após a crise de 2008 e a frustração com o desempenho da economia doméstica explicam as apostas negativas, segundo analistas.

"Em 2002, os Estados Unidos estavam saindo de uma recessão leve e a China crescia a 12%, 13% ao ano. Hoje, o mundo vive uma estagnação persistente", diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores.

O cenário externo negativo afeta o Brasil por diversos canais. O comércio de bens e serviços, por exemplo, perde fôlego, o que tem se traduzido em menor demanda pelas exportações do país.

Há uma longa lista de questões internas que também pesam sobre as projeções.

A expansão da força de trabalho foi um motor importante do crescimento mais robusto da economia brasileira em meados da década passada.

Mas esse impulso começou a perder força com a desaceleração do ritmo do aumento da população em idade ativa.

A saída para voltar a crescer mais fortemente é fazer com que os profissionais se tornem mais eficientes.

"É preciso aumentar a produtividade. Você precisa começar a fazer mais com o mesmo contingente de mão de obra e depois com menos gente", diz Borges.

Segundo economistas, esse é um dos maiores desafios que o Brasil enfrenta. Por isso, consideram fundamentais avanços mais significativos na qualidade da educação e da infraestrutura, em pesquisa e desenvolvimento e inovação.

O diagnóstico, porém, é que o país avançou pouco nessas frentes em anos recentes.

"O governo deu passos na direção certa, mas cometeu erros como querer fixar a taxa de retorno dos investimentos privados e entrou em choque com o mercado", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

PESO DE DILMA

Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências, diz que as projeções dos últimos meses para os próximos anos embutem um peso maior de vitória da presidente Dilma Rousseff.

Ela ressalta que, em meados de 2002, quando Lula divulgou a "Carta ao Povo Brasileiro", indicando que manteria o compromisso com políticas como metas de inflação e responsabilidade fiscal, o temor de ruptura em relação ao PT no governo diminuiu.

"Dilma não divulgou nenhuma carta, não emitiu ainda nenhum sinal de que alteraria suas políticas em um eventual segundo mandato", afirma a economista.


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