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Restaurada, cidade dos sapatos tcheca vira polo de crescimento

Vila de 1930 visava produtividade, mas foi vanguarda estética

JASON HOVET DA REUTERS, EM PRAGA

Quando Tomas Bata transformou a cidade tcheca de Zlin na capital mundial dos sapatos, e criou uma aldeia industrial "utópica" para seus operários, quase um século atrás, a arquitetura de tijolos vermelhos conquistou elogios de críticos como Le Corbusier, que a definiu como "fenômeno reluzente".

Por volta dos anos 1930, a companhia de Bata havia construído lá o segundo mais alto arranha-céu europeu, com um escritório móvel instalado em um elevador.

Operários viviam perto da fábrica em "casas Bata", e o cinema com mais de 2.000 lugares era o maior da Europa.

Uma guerra mundial e quatro décadas de comunismo fizeram dezenas de edifícios do complexo fabril se deteriorarem. Mas a arquitetura permanece, e agora investidores públicos e privados estão concluindo um plano de uma década de duração para restaurar a área, criando cafés, casas e centros culturais.

FUGA DOS NAZISTAS

O sucesso do império dos sapatos Bata bancou o crescimento de Zlin, de uma cidadezinha de 3.000 moradores em 1894, quando a companhia foi fundada, a um centro de 40 mil habitantes em 1938, quando os Bata fugiram para o Canadá antes da ocupação nazista da região.

A Bata continua a ser uma marca mundial, com mais de 5.000 lojas em 70 países, mas quem movimenta a economia de Zlin -com 75 mil moradores 300 quilômetros a sudoeste de Praga- são grandes fabricantes de pneus e pequenas e médias indústrias.

Na cidade "utópica", fileiras de casas de tijolos vermelhos, quadradonas e de dois pavimentos abrigavam os operários, em um complexo apelidado de Batovsky.

A cidade é um dos maiores exemplos de uso em massa da arquitetura funcionalista, em sua era. "O processo na verdade seguiu muitas das ideias que agora são adotadas no projeto urbanístico de cidades novas nos Estados Unidos, Europa e Ásia: comunidades que permitem o acesso a pé, um projeto urbano enxuto e sustentável, e uso ecológico da terra", diz Erik Jenkins, professor de arquitetura na Universidade Católica da América.

"Hoje, as pessoas falam muito de arquitetura inovadora, mas a Bata estava 75 ou 100 anos adiante de sua era."

AUMENTAR A PRODUÇÃO

A despeito da beleza simples da cidade que criou, a construção de Zlin servia a um único propósito para Bata: aumentar a produção.

"Hoje vemos Zlin como exemplo de estética 'moderna', mas Bata via as moradias e edificações cívicas como extensão da lógica física da fábrica e tentou usar módulos de construção a fim de economizar tempo e dinheiro", diz Kimberly Zarecor, professora de arquitetura na Universidade Estadual do Iowa.

O resultado final serve como uma espécie de cápsula do tempo para os historiadores da arquitetura.

Hoje, o complexo fabril continua a ser um lugar importante para Zlin. E, embora a área tenha continuado a fabricar sapatos depois que a fábrica foi estatizada pelos comunistas, em 1948, o retorno do capitalismo deixou as firmas locais em dificuldade para concorrer com os calçados baratos da China.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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