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Coreia do Norte quer pôr chuteira em Messi

Operários do país comunista sonham em conquistar o mundo com calçado feito em fábrica na fronteira com a China

Maior parte dos 10 mil pares já vendidos foi para a Coreia do Sul, responsável pelo capital da fábrica

Aly Song/Reuters
Trabalhador norte-coreano arruma chuteiras em fábrica em Dandong, na China; salários são de US$ 200 (R$ 400)
Trabalhador norte-coreano arruma chuteiras em fábrica em Dandong, na China; salários são de US$ 200 (R$ 400)
DA REUTERS

A Adidas, a maior fabricante mundial de chuteiras, não precisa começar a se preocupar, mas um raro empreendimento que combina capital sul-coreano e mão de obra norte-coreana, na cidade chinesa de Dandong, quer deixar sua marca no cenário futebolístico mundial.

Em uma fábrica temporária instalada em uma aldeia no subúrbio da movimentada cidade que serve como ponte entre a China e a empobrecida e isolada Coreia do Norte, 20 norte-coreanos costuram chuteiras à mão e sonham conquistar o mundo.

A fábrica, comandada por administradores que usam distintivos com a efígie de Kim Il Sung, o fundador da Coreia do Norte, já vendeu mais de 10 mil pares de chuteiras, a US$ 100 (R$ 200), desde que iniciou a produção, em julho -50% das compras vieram da Coreia do Sul.

A Coreia do Norte ganha cem pares de chuteiras produzidas na fábrica ao mês, como sua parcela de pagamento, em lugar de receber em dinheiro.

"Jogamos futebol com as chuteiras que produzimos, para testá-las e selecionar os melhores pares", diz Chung Nam Chul, um veterano sapateiro, enquanto pregava a sola de um par de chuteiras.

A visita por uma equipe da Reuters foi acompanhada pelos administradores norte-coreanos que comandam a fábrica, onde os sapateiros trabalham sob o slogan: "Nossa tecnologia: as chuteiras da melhor qualidade".

Chung e seus colegas operários, vindos de Pyongyang, a capital norte-coreana, são membros do Clube Esportivo 25 de Abril, um dos times da liga de futebol do país comunista, controlada pelas Forças Armadas.

NO EXTERIOR

Os trabalhadores da fábrica de Dandong representam apenas a ponta do iceberg. Estima-se que entre 60 mil e 70 mil norte-coreanos estejam trabalhando no exterior, em um esforço por obter divisas fortes necessárias ao Estado, que vive sob sanções devido ao programa nuclear.

Um executivo sul-coreano na fábrica disse que os operários são autorizados a reter o total do salário mensal de US$ 200 que recebem.

Muitos dos trabalhadores norte-coreanos na Rússia, na China e na Oriente Médio são pagos com vales, e não em dinheiro. O dinheiro vai direto para os cofres do governo da Coreia do Norte, segundo grupos de refugiados norte-coreanos na Coreia do Sul.

A fábrica oferece alojamentos, refeitório e uma sala de recreação. Os operários contam com um cozinheiro, que ocasionalmente prepara carne de porco grelhada para as festas noturnas, nas quais eles cantam canções sobre a reunificação das Coreias.

"Podemos assistir aos nossos canais de TV. E também cantamos nossas canções sobre o nosso marechal, Kim Jong Un", diz Kown Ok Kyung, uma das costureiras da fábrica, em referência ao líder norte-coreano que assumiu o poder em 2011, depois da morte de seu pai.

Kown trabalha oito horas por dia, cinco dias por semana, em sua máquina de costura. Os operários estão autorizados a visitar suas famílias, em uma cidade norte-coreana do outro lado do rio que forma a fronteira entre os dois países, uma vez por mês, e podem levar presentes.

A pequena fábrica de chuteiras não fará muita diferença para a economia da Coreia do Norte, mas isso não impede que os operários tenham sonhos ambiciosos.

"Seria ótimo se Messi nos visitasse e usasse nossas chuteiras", disse Oh Sung Dong, um dos administradores norte-coreanos.

O astro argentino é patrocinado pela Adidas.

"Quando milhares de operários produzirem nossas chuteiras em Pyongyang, poderemos dominar o mundo", disse Joo Chul Soo, representante da Federação Nacional de Cooperação Econômica da Coreia do Norte.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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