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Análise

Brasil ainda venderá muita soja e ferro, mas precisa reforçar suas vantagens competitivas

O desafio é usar os benefícios inesperados que a China propicia de maneira sábia, tornando o país menos vulnerável às oscilações das commodities

ROBERT WOOD ESPECIAL PARA A FOLHA

A importância da China para o Brasil vai além do estímulo direto à receita de exportação, que em 2011 atingiu os US$ 44 bilhões (2% do PIB), ou o equivalente a 17% das exportações totais.

A China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, superando os EUA em 2010. Mas também se tornou fonte crescente de investimento estrangeiro direto, com totais de US$ 37 bilhões entre 2003 e março de 2011 (de acordo com o Mdic), principalmente nos setores de metais e petróleo, mas já começou a se diversificar para outras áreas de energia e indústria.

É claro que a China está ansiosa para garantir matérias-primas para desenvolver e alimentar sua população -minério de ferro, soja e petróleo, principalmente.

Muito vem sendo dito sobre o pico que o crescimento do mercado de trabalho chinês deve atingir, mas a demanda por minério de ferro deve se manter, porque a China continuará o processo de urbanização durante a maior parte da década de 2020.

E o mercado para alimentos crescerá para acompanhar o crescimento não só na China como na Índia. (Aliás, uma melhora na infraestrutura brasileira elevaria os lucros dos produtores, o que aumentaria o efeito desse crescimento sobre a renda.)

Dadas essas conexões, as mudanças no ritmo da China afetam de maneira significativa os sentimentos dos investidores internacionais com relação ao Brasil. E existe uma estreita correlação entre o índice CRB de preços de commodities e o índice Bovespa de ações, dado o peso considerável das companhias de commodities, como a Petrobras e a Vale.

Existem mecanismos de transmissão indireta -a confiança dos industriais brasileiros é afetada pelas perspectivas da economia mundial, e a China é um protagonista importante. Isso contribuiu para a contração do investimento privado internacional no Brasil neste ano.

E a perspectiva mundial para o ano que vem (a despeito da projeção de crescimento do PIB chinês para 8,6% em 2013) é de crescimento tépido, o que atenua o ritmo de recuperação esperado no investimento das grandes empresas brasileiras.

Esses desdobramentos e uma recente desaceleração da China conduziram a um debate sobre as dimensões da "dependência" brasileira, que lembra um pouco o da "dependência" do México com relação aos EUA.

A diferença é que as conexões mexicanas são industriais, e as do Brasil, de matérias-primas.

O desafio é usar os benefícios inesperados que a China propicia de maneira sábia, tornando a economia brasileira menos vulnerável às oscilações das commodities.

E, em longo prazo, quando a demanda por minério de ferro chinês começar a cair, é preciso garantir que o Brasil tenha desenvolvido vantagens competitivas em setores econômicos importantes, a fim de compensar a perda.


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