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Entrevista - Peter Grauer, presidente da Bloomberg

Investimento no mercado brasileiro tem sido muito bom para nós

Presidente da agência de notícias e serviços financeiros Bloomberg diz que grupo pretende dobrar o espaço físico no país, um dos focos da empresa

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

A exemplo do "Financial Times" e do "New York Times", que no último mês anunciaram investimentos no Brasil, a Bloomberg prevê dobrar seu espaço físico no país em 2013, para abrir caminho à ampliação. Mas avisa que o crescimento será "orgânico", sem aquisições.

Corporação que abrange notícias, dados, análises e serviços, sobretudo financeiros, a Bloomberg tem três escritórios no Brasil, inclusive estúdio em São Paulo, e atua em português e inglês por diversas plataformas -do terminal de acesso restrito ao canal de notícias via TV paga.

Em entrevista por telefone, de Nova York, o presidente da Bloomberg, Peter Grauer, adianta os próximos passos a serem dados no país.

Folha - Há dois anos, ao falar da ambição de ser a organização de notícias mais influente no mundo, o sr. citou planos para o Brasil e outros emergentes. Quais são os resultados até agora?
* Peter Grauer* - São excelentes. Com certeza são melhores que os nossos resultados. No geral, os nossos resultados foram bons, mas nosso crescimento nos mercados emergentes certamente superou o crescimento nos desenvolvidos. Não surpreende, é claro, porque estamos saindo de uma base menor, então o avanço em termos percentuais vem mais fácil. Havíamos identificado China, Brasil e Rússia como os primeiros países a focar. Para dar uma ideia, nos últimos cinco anos a nossa operação no Brasil cresceu cerca de 15% ao ano. O investimento tem sido muito bom para nós.
Se olhar os primeiros nove meses deste ano, nossa taxa de crescimento em unidades vendidas -tendemos a ver as coisas assim, por estarem relacionadas ao nosso negócio principal, dos terminais- foi de 1% ao redor do mundo. E a nossa taxa nos emergentes ficou entre 5% e 15%.

Quais serão os próximos investimentos?
Para nós, o Brasil é muito, muito importante. Continuamos a investir e, de fato, estamos no processo de basicamente dobrar o nosso espaço no país para acomodar o crescimento futuro.
Você deve saber o que estamos fazendo em nossa Redação, em termos de notícias exclusivas, seja sobre bilionários desconhecidos, seja sobre atividades de fusão e aquisição. Tudo isso é criticamente importante tanto para os assinantes no país como para os 315 mil assinantes no resto do mundo.
O que conseguimos é ser uma janela para o que está acontecendo. Iluminamos o papel que o Brasil tem hoje no mundo. Acredito que isso é incrivelmente importante e contribuirá para nossa relação de longo prazo no país. Estamos animados com as oportunidades futuras, particularmente em notícias.

O sr. tem investimentos planejados também para o negócio de terminais? O sr. vê oportunidades para aquisição, por exemplo, de um concorrente?
Nosso crescimento, particularmente no negócio de terminais, tem sido orgânico no mundo todo. Embora analisemos oportunidades periodicamente, sentimos que a base estabelecida e o momento que vivemos no mercado local justificam continuar a investir nas oportunidades orgânicas.
Eu estava ciente do fato de que o Broadcast [serviço da Agência Estado] estava prospectivamente à venda. É algo que estudamos e não tenho certeza de que seja algo que estaríamos muito interessados, simplesmente porque nossa operação no Brasil está crescendo muito, muito bem. E esperamos que prossiga assim, com a equipe que temos e as oportunidades existentes no mercado, que obviamente acreditamos serem amplas.

Na divisão de notícias, o sr. tem novos planos para o Brasil e para a América Latina?
Entre outras coisas, já expandimos nossa equipe na Redação em 14%, como parte do plano de desenvolvimento de longo prazo.
Outra coisa que fizemos foi introduzir a Bloomberg News em português. Produzimos um número significativo de reportagens todo dia, para o mercado de língua local.
É parte do nosso plano de transformação local, já fizemos na Rússia, na China, na Coreia do Sul. Também introduzimos uma coluna de crédito, que produzimos todo dia, porque, é claro, o mundo quer saber o que está acontecendo no mercado brasileiro, do ponto de vista de taxa de juros e dos títulos.
Algo que faremos mais agressivamente em 2013 é o serviço de manchetes abreviadas, que asseguram que os usuários tenham acesso às notícias rapidamente.
Estamos bem no meio do nosso ciclo de planejamento e com toda certeza vamos expandir ainda mais nossa cobertura, particularmente para setores como "soft commodities" [produtos agrícolas como café e cacau].

Na semana passada, a própria Bloomberg News noticiou que a Bloomberg é um potencial comprador do "Financial Times". O sr. poderia comentar? A Bloomberg já fez proposta?
Não comentamos rumores como esse. Eu só lembraria o que disse há pouco. Com poucas exceções -fizemos algumas aquisições nos últimos anos-, estamos mais focados em crescer organicamente. Você comentou que nossa aspiração é ser o provedor de notícias mais influente no mundo, eu diria, dos negócios e das finanças.
Acreditamos que, na maioria dos casos, nos quase 80 países em que atuamos, podemos fazer isso sem avançar necessariamente com aquisições. Vamos manter esse curso, ao menos no curto prazo.

O sr. está lançando nesta semana o Bloomberg App Portal. Isso indica um sistema menos fechado para a Bloomberg?
É uma tendência que vem de algum tempo. Dois anos atrás, começamos a colocar a simbologia da Bloomberg na rede. Avançamos um bocado hoje, no desenvolvimento de aplicativos de software livre.
E a Bloomberg Application Store é mais um passo nessa espécie de abertura para outros programadores, para garantir aos clientes não só a melhor funcionalidade que podemos produzir, mas também "widgets" e outras coisas feitas por desenvolvedores e que, acreditamos, os clientes precisam no cotidiano de seus negócios. Estamos muito animados com isso.

Nas eleições deste ano nos EUA, a coleta massiva de dados ["big data"] teve papel central, tanto na campanha como na cobertura. O sr. já descreveu a conversão de "big data" como ponto forte da Bloomberg. Pretende usar essa força também para dados políticos e outras áreas?
Já temos um empreendimento em esportes, chamado Bloomberg Sports, que abrimos há três anos. Gosto de descrever a Bloomberg como uma mesa de quatro pernas: notícias, dados, análises e serviços aos clientes são o que realmente leva o negócio para a frente. Até o ponto em que a informação política é importante para ajudar nas decisões empresariais.
Nós já cobrimos, por exemplo, com o serviço Bloomberg Government, em Washington, o que acontece de leis, contratos, principais atores. É uma iniciativa importante, mas, novamente, está muito associada ao enriquecimento do produto, para o cliente.


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