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Domésticas ganham sala de aula em SP

Empresa investe R$ 5 milhões para ensinar tarefas do lar, como lavar roupa, em cômodos que simulam casas

Primeira turma da "universidade das empregadas" tem 300 formadas; autoestima também é tema do curso

Divulgação
Alunas durante aula em projeto da Casa Bombril; 800 profissionais já passaram pelos cursos desde agosto de 2011
Alunas durante aula em projeto da Casa Bombril; 800 profissionais já passaram pelos cursos desde agosto de 2011
CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

Além de caneta e papel, a sala de aula tem ferro de passar roupa, eletrodomésticos, produtos de limpeza, buchinha e escovão. As lições acontecem não em frente à lousa, mas em ambientes que são cômodos de uma casa.

Foi assim que 300 alunas se formaram na primeira turma de qualificação de domésticas do projeto Casa Bombril, em parceria com o Senac.

Desde agosto do ano passado, quando nasceu o projeto, 800 mensalistas e diaristas já passaram por alguns dos cursos gratuitos ministrados por professores que têm como tarefa ajudar a profissionalizar o serviço realizado pelas empregadas.

Foram investidos R$ 5 milhões na Casa Bombril, espaço que em breve deverá atender outras profissões ligadas ao universo feminino.

Em um curso de 60 horas, dividido em cinco módulos, as profissionais aprendem desde noções de cidadania e reciclagem até tarefas práticas como lavar a roupa da forma correta (de acordo com a etiqueta do fabricante) e montar um cardápio nutritivo e balanceado.

"A fase mais difícil do curso é o módulo em que se trabalha a autoestima. É comum quando elas chegam ao curso dizendo que não são domésticas, mas estão domésticas", diz Luciana Rego, Gerente de Sustentabilidade do Instituto Roberto Sampaio Ferreira, braço para ações de sustentabilidade e responsabilidade social da Bombril.

"Elas relatam histórias duras de desrespeito aos direitos, mas também há histórias de amor, com famílias que as abrigaram e as ajudaram muito", conta.

A maioria delas já está no mercado de trabalho, como diarista ou mensalista, e 25% das que terminaram o curso conseguiram aumentar a renda após o término das aulas.

É o caso de Josefa Viana Morais, 51, mensalista que fez o curso e agora trabalha em uma casa no Morumbi. "O salário aumentou em meu novo emprego, porque sou praticamente uma profissional concursada", diz brincando.

O resultado foi um rendimento de R$ 1.800 mais benefícios -uma cesta básica e convênio médico. "Agora já faço inglês e culinária, quero aprender muito mais."

Nos corredores da escola de qualificação das domésticas um dos assuntos de maior interesse é a PEC, proposta aprovada pelos deputados em dois turnos e que amplia os direitos da categoria.

"Muitas famílias não terão condições de pagar. Mas acho que todos irão se adaptar."

Pascoalina Moreira da Silva Ananias, 46, colega de turma de Josefa, está na profissão há 27 anos. "Ainda há muita discriminação. Mas aos poucos vamos nos valorizando", afirma a diarista, que trabalha em seis casas.

"Já passei por situações de ouvir a patroa mandando eu não mexer em sua geladeira. Ou por outras de não atenderem a campainha para não me pagar. Mas, felizmente, isso vai acabar no Brasil", diz.


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