Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Agora, China e África do Sul barram a carne brasileira

Países seguem Japão e suspendem importações por temor de vaca louca

Impacto comercial é pequeno, mas governo teme "efeito cascata"; ação atrapalha abertura do mercado chinês

RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

Aumentaram as suspeitas sobre a qualidade da carne bovina brasileira. China e África do Sul seguiram o Japão e decidiram suspender as importações do produto.

O Ministério da Agricultura foi notificado oficialmente ontem sobre as decisões.

As restrições foram impostas devido à identificação do agente causador do mal da vaca louca em um animal morto em uma fazenda no Paraná em dezembro de 2010.

O caso só foi anunciado na sexta-feira passada.

"É natural, ao tomar conhecimento via imprensa, que a reação de alguns países seja de cautela", afirmou em nota o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz.

As reações ignoram a posição da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), que manteve a classificação de risco insignificante da doença para o Brasil.

Por enquanto, o impacto comercial dos bloqueios é pequeno, pois os três países têm pouco peso nas exportações brasileiras de carne bovina.

De janeiro a outubro, o Brasil vendeu 1 milhão de toneladas do produto para o exterior. A África do Sul, um dos últimos países a voltar a comprar carne do Brasil depois da ocorrência de febre aftosa em Mato Grosso do Sul em 2005, comprou 293 toneladas.

O Japão adquiriu cerca de 1.300 tonelada, e a China, 10 mil toneladas. Juntos, os países representaram apenas 1,2% das exportações.

O baixo volume para os padrões chineses ocorre porque parte da carne brasileira chega ao país via Hong Kong -segundo maior destino das exportações de carne.

Nos últimos anos, a China vinha abrindo os canais para a importação direta. O bloqueio desse processo preocupa os exportadores.

"O grande problema de um possível embargo chinês é a interrupção de um processo de abertura comercial que ocorre há tempos", diz Antonio Camardelli, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne bovina).

O país é visto como estratégico pelo tamanho e pelo potencial de crescimento.

PRESSÃO

Apesar de não afetar seriamente o desempenho das vendas brasileiras no exterior, a decisão aumenta a pressão sobre o governo brasileiro, diante da possibilidade de um "efeito cascata" que atinja países com peso mais expressivo nas exportações.

O Irã, sexto maior cliente dos frigoríficos no exterior, já deteve cargas nos portos por suspeita de contaminação.

Já a Rússia, principal destino da carne brasileira, informou que analisa o caso. O país, que há 18 meses impõe restrições à carne do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso, deve decidir hoje se retoma as compras.

Na Venezuela, os pecuaristas pressionam o governo para a suspensão temporária da importação de carne e de animais vivos do Brasil.

Os Estados Unidos também solicitaram mais informações às autoridades sanitárias do Brasil sobre a vaca louca.

O Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) diz que o governo americano aguarda dados complementares para decidir como proceder.

O Ministério da Agricultura reiterou que o governo organiza visitas de técnicos aos 20 principais importadores para sanar dúvidas sobre o caso. Serão enviadas missões oficiais aos três países que oficializaram embargo.

Esta foi a primeira vez que o Brasil registrou a presença do agente causador do mal da vaca louca.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página