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Para o governo, o pior já passou no caso da vaca louca

Secretário diz que país não pode reclamar, pois já foi beneficiado em situação similar

RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA

O governo brasileiro considera que "o pior já passou" e não espera novas restrições à carne bovina brasileira por medo de contaminação pelo mal da vaca louca, disse à Folha o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto.

Segundo o secretário, há uma influência da guerra comercial entre os produtores na adoção de medidas de restrição. O governo identificou que produtores estrangeiros, como australianos e norte-americanos, vêm atuando no mercado para aumentar a proporção do caso e precipitar medidas de restrição.

O Brasil é o segundo maior fornecedor de carne do mundo, atrás da Austrália e à frente do Estados Unidos.

"As autoridades sanitárias de Estados Unidos e Austrália não fizeram nenhum gesto de questionamento, porém os produtores locais estão fazendo alarde. Eles querem denegrir a imagem do Brasil para ganhar espaço", disse.

Porto afirmou, contudo, que o Brasil não pode reclamar da reação já que foi um dos que mais lucraram, por exemplo, quando os primeiros casos da doença surgiram nos Estados Unidos.

"Infelizmente esse é o mundo cão do comércio internacional, mas não podemos reclamar quando o feitiço virou contra o feiticeiro."

Desde que o Brasil anunciou, há cerca de duas semanas, a identificação do agente causador do mal da vaca louca num animal morto no Paraná em 2010, seis países anunciaram embargos à carne brasileira: Japão, África do Sul, China, Coreia do Sul, Egito e Arábia Saudita.

O governo brasileiro espera levar de algumas semanas a alguns meses, dependendo do caso, para convencer os países a retirarem as restrições. Mas já se prepara para acioná-los na OMC (Organização Mundial do Comércio) em março, caso as barreiras não sejam retiradas até lá.

Ontem, representantes do Ministério da Agricultura e diplomatas brasileiros fizeram uma apresentação sobre o episódio para diplomatas de 20 nações. "Já funciona como um aceno de que, se necessário, acionaremos os países na OMC", disse Porto.

PREJUÍZOS

A expectativa é que não haja prejuízo ao volume das exportações de carne, já que os frigoríficos compensarão os bloqueios com a venda para outros destinos.

Os embargos trarão, contudo, impacto no preço. Segundo Porto, pecuaristas já relataram que houve redução no valor pago pelos frigoríficos. Os empresários alegam que vêm sendo obrigados a reduzir o preço no exterior.

"Todo mundo quer tirar uma casquinha. É um momento de fragilidade inevitável do exportador e ele acaba tendo que ceder a barganhas de preço", explica Porto.

"Ninguém é bobo de deixar de aproveitar uma oportunidade dessa e tentar tirar algum ganho da situação."


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