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Inferno astral da Petrobras

Em meio a mudanças na gestão, empresa sofre com ingerências do governo, lucro e ações em baixa e queda na produção

DENISE LUNA DO RIO

O primeiro ano da engenheira Graça Foster à frente da Petrobras foi o pior da companhia nos últimos oito anos, com o lucro voltando ao patamar de 2003/2004, primeiros anos da gestão do PT na empresa.

A estatal teve seu primeiro prejuízo trimestral em 13 anos, a produção recuou e as ações despencaram, em parte pela política do governo de não elevar os combustíveis.

Enquanto o Ibovespa, índice com principais ações da Bolsa de São Paulo, subiu 7,4% no ano, as ações preferenciais da Petrobras caíram 9,2%, e as ordinárias, 15%.

A empresa admitiu que a falta de manutenção nas plataformas nos anos anteriores foi a principal causa da queda da produção de petróleo.

E não foi em 2012 -e provavelmente não será em 2013- que atingiu a meta de produzir 2,1 milhões de barris diários, prevista para 2010.

Em razão desses percalços, o lucro da empresa deverá ficar em torno de R$ 17 bilhões neste ano, segundo estimativa da Coinvalores, ante R$ 33,3 bilhões em 2011.

O passo atrás da companhia veio acompanhado de uma "faxina" na estatal.

"Foi positiva a gestão da Graça. A empresa estava descontrolada, com o planejamento ideologizado. Ela 'desideologizou'", disse o hoje consultor David Zylbersztajn, diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo) entre 1998 e 2001.

Só não houve melhora nos resultados, dizem especialistas, porque o governo manteve a política de usar o preço da gasolina e do diesel para controlar a inflação. E o aumento do consumo obrigou a empresa a importar para abastecer o mercado interno.

"Ela [Graça] adotou parâmetros próximos da realidade, mas assumiu em um contexto macroeconômico muito complicado e isso trouxe impacto para as ações da empresa", dizem os analistas Bruno Biagentini e Marco Barbosa, da Coinvalores, referindo-se às alta da inflação e do dólar e à retração do mercado financeiro global.

GESTÃO NO GRITO

Os empregados da ainda tremem com as cobranças da presidente, mas dizem que o "estilo Graça" deixou a casa da Petrobras mais arrumada.

"Ela tirou os esqueletos do armário e mostrou que havia, sim, atrasos nas plataforma, pois achava que o mercado tinha o direito de saber", diz um funcionário que, como praticamente todos que falam dela, pede anonimato.

Em busca da eficiência, Graça criou programas como o Procop (Programa de Otimização de Custos Operacionais), para economizar R$ 32 bilhões em quatro anos.

Isso tudo em meio a telefonemas de madrugada e broncas em qualquer lugar: "Ela grita, é cheia de rompantes. Onde estiver, solta as tamancas", conta um empregado.

INCÔMODO

Se vem agradando ao mercado, há setores do governo que se incomodaram quando Graça criticou a gestão do antecessor, José Sergio Gabrielli.

Depois de anunciar um plano de negócios "mais realista" que os anteriores, a executiva foi obrigada a convidar Gabrielli a dar uma entrevista a seu lado na Bahia e admitir que também foi responsável pelas metas irreais dos anos anteriores.

Também teve que ir ao Maranhão para confirmar à governadora Roseana Sarney a construção de uma refinaria no Estado, depois de colocá-la em avaliação, e receber na sede da empresa o governador do Ceará, Cid Gomes, para a mesma liturgia.

De acordo com o representante dos empregados da Petrobras no conselho de administração da estatal, Silvio Sinedino, fica evidente a ingerência política na companhia.

Ele diz que Graça insistiu algumas vezes na necessidade do aumento dos combustíveis, mas recebeu as negativas do ministro da Fazenda e presidente do conselho de administração da Petrobras, Guido Mantega.


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