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BNDES usa Tesouro para se livrar de ações

Papéis de companhias em prejuízo foram parar na Caixa Econômica, que recebeu R$ 5,4 bi em ativos do governo

Para compensar a Caixa, Tesouro também enviou ações de empresas de primeira linha, como Petrobras

TATIANA FREITAS JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO

O BNDES aproveitou a capitalização da Caixa Econômica Federal para se livrar de ações de empresas que dão prejuízo desde o fim de 2011.

Essa transferência ocorreu porque o governo decidiu injetar na Caixa R$ 5,4 bilhões em ativos para manter a estratégia de expansão de crédito do banco.

Para isso, o Tesouro Nacional destinou à Caixa ações de empresas que ele possuía diretamente e pediu ao BNDES, controlado pelo Tesouro, papéis de outras companhias.

Nessa triangulação, a Caixa não pode escolher os papéis que iria receber. A negociação ocorreu somente entre BNDES e Tesouro.

O BNDES enviou para o Tesouro ações de dez empresas. Sete delas foram repassadas para a Caixa. O Tesouro ficou com o restante e destinou papéis que possuía da Petrobras e Vale, consideradas de primeira linha, para compensar a Caixa.

Dentre as empresas que dão prejuízo ou não apresentam bom desempenho estão Paranapanema, Mangels, Romi, Metalfrio e Vulcabras. A Caixa agora é acionista dessas companhias.

O banco também recebeu ações da JBS que representam 10% do capital da companhia. A Folha apurou que o BNDES considera excessiva sua exposição ao grupo JBS e, por isso, aproveitou a negociação para reduzir sua participação.

Apesar de não estar em prejuízo, a Cesp é outro problema para a Caixa. As ações da estatal paulista de energia caíram 30% desde setembro devido aos rumores (que se confirmaram) de que ela não renovaria alguns de seus contratos de concessão.

Ainda segundo apurou a reportagem, a estratégia do BNDES na troca de ativos foi garantir a lucratividade de sua carteira de investimento.

BASILEIA

A capitalização ocorreu porque existe um acordo entre o Tesouro e a Caixa.

Sempre que o índice de Basileia do banco se aproximar de 12%, o Tesouro fará um aporte de recursos.

Na prática, esse índice mostra quanto de capital próprio o banco deve ter em relação a cada R$ 100 emprestados. Ou seja, toda vez que a porcentagem de capital próprio em relação aos empréstimos cair para perto de 12%, o governo aumentará esse capital para dar novo fôlego de financiamento à Caixa.

Em setembro, o índice de Basileia do banco estava em 12,6%, mas, internamente, o governo já sabia que fecharia abaixo de 12%, em dezembro.

Ao elevar o patrimônio da Caixa, o que foi feito com a transferência de ações, o índice deve melhorar, mas não se aproximará da média de bancos comerciais (16%).

Em contrapartida, a instituição continuará pagando dividendos ao Tesouro acima da média do setor. No último trimestre, o retorno foi de 27%. No terceiro trimestre de 2012, o retorno de Itaú e Bradesco foi de 17% e 18%, respectivamente.

No final de 2012, a Caixa pagou R$ 4,7 bilhões em dividendos ao Tesouro, para ajudar o governo a cumprir as metas de superavit primário.


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