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Análise

Só retomada do investimento pode recuperar setor em 2013

A baixa taxa total de investimento da economia significou menor demanda por bens industriais em 2012

FERNANDO SARTI ESPECIAL PARA A FOLHA

Os dados de novembro confirmam as previsões pessimistas sobre o desempenho industrial em 2012.

O medíocre desempenho da indústria explica, em grande medida, a decepcionante evolução do PIB no biênio 2011-12. É o pior desempenho da indústria nos últimos dez anos, excetuando o ano atípico de 2009, em razão dos primeiros desdobramentos da crise financeira global.

O desempenho negativo em 2012 abrangeu uma ampla gama de setores (16 de 27) e de subsetores (49 de 76) e de produtos industriais (59% de um total de 755 produtos).

Quais seriam alguns fatores que explicariam esse pífio desempenho da indústria?

Um primeiro é o impacto do elevado grau de concentração industrial sobre o indicador do IBGE. O setor automobilístico foi responsável por mais da metade desse desempenho negativo.

Como um setor que bateu recorde de vendas em 2012, com 3,8 milhões de unidades vendidas no mercado interno, possa ter contribuído de forma tão negativa para o desempenho industrial?

A explicação está no descompasso entre a evolução da demanda e a da produção doméstica, bem como entre os investimentos e as importações. O estímulo fiscal e financeiro promoveu uma expansão muito maior das vendas e das importações do que da produção e do investimento.

Um segundo fator é que o patamar de juros (elevado) e câmbio (valorizado) nos últimos anos foi prejudicial à indústria. O aumento do coeficiente e conteúdo importados não apenas teve impactos importantes sobre a produção industrial como retraiu a taxa de investimento industrial.

Soma-se a isso a baixa taxa total de investimento da economia, o que significou menor demanda por bens industriais, sobretudo por máquinas e equipamentos em geral e insumos para construção civil. Não é à toa que o setor de bens de capital teve a maior queda em 2012.

Bens de capital e setor automobilístico explicaram, juntos, 90% da variação negativa da taxa de crescimento da indústria em 2012.

O ano passado trouxe uma dura, clara e decisiva lição para aqueles que ainda se preocupam com o desenvolvimento industrial.

Sem a recuperação do investimento em geral e da indústria em particular, será impossível promover uma expansão sustentada e um maior grau de diversificação e de adensamento da estrutura industrial brasileira, o que, por sua vez, implicará ganhos expressivos de produtividade e de competitividade.

FERNANDO SARTI é diretor e professor do Instituto de Economia da Unicamp


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