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Térmicas geram menos energia elétrica por falta de gás natural

Produção dessas usinas tem que suprir redução na geração das hidrelétricas, causada pela seca

Relatório do ONS aponta unidades com produção menor; indústria teme que gás passe a ser racionado

DENISE LUNA DO RIO

O fantasma do racionamento de energia que voltou a rondar o país -por causa da alta no consumo num momento em que os reservatórios das hidrelétricas estão no nível mais baixo de uma década- ganhou um novo ingrediente: a possível escassez de gás natural para atender a todas as térmicas.

Algumas usinas já estão gerando abaixo do previsto, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema) obtidos pela Folha.

No dia 4, por exemplo, a Usina Térmica Atlântico (RJ) teve que reduzir a produção de energia por falta de gás.

O informativo da ONS menciona outras três térmicas com capacidade reduzida por "menor disponibilidade de combustível", sem especificar de que tipo. A Folha apurou que há outras usinas com risco de menor geração por escassez de gás.

Duas térmicas bicombustíveis da Petrobras, Barbosa Lima Sobrinho e Termoceará, estão operando a óleo. Segundo a companhia, isso está sendo feito porque o combustível tem, no momento, preços melhores que o GNL (Gás Natural Liquefeito).

"Não há problema com relação à disponibilidade de gás", informou a estatal.

Mas na indústria não há espaço para tranquilidade, diz Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial e investimentos da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

"As chuvas já deveriam estar acontecendo. Do jeito que está, as térmicas vão rodar por todo o primeiro semestre para compensar a baixa dos reservatórios das hidrelétricas. Com isso, pode faltar gás para a indústria."

Prado prevê que o governo, que se reúne amanhã para discutir o assunto, incentive a redução voluntária de consumo de gás natural, o que pode atrapalhar a retomada do crescimento:

"Não esperamos apagão, mas estamos vendo mais risco de redução de consumo se as chuvas não vierem".

As térmicas, muitas delas da Petrobras, foram construídas no governo FHC após o racionamento de 2001/2002.

Segundo o consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o país está "pendurado nas chuvas e nas térmicas, que dependem do GNL, muito mais caro que o gás natural".

IMPORTAÇÃO

Para ajudar a manter cerca de 65 térmicas ligadas diariamente, a Petrobras importou no ano passado, até setembro, quatro vezes mais GNL do que em 2011.

Segundo a Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), o valor do ESS (Encargo de Serviços ao Sistema), recurso necessário para manter a segurança e estabilidade do sistema elétrico, baterá um novo recorde histórico em dezembro de 2012, atingindo cerca de R$ 929,2 milhões. Em dezembro de 2011, foram R$ 120 milhões.

Segundo dados da Firjan, o nível das chuvas no Sudeste registra 72% da média histórica para o período, o que só ocorreu em 1933 e em 1934.

Com isso, os reservatórios das 204 usinas hidrelétricas do país estão no mais baixo nível histórico em uma década, segundo o ONS.

Para piorar a situação, o verão deste ano registra, até agora, temperaturas médias dois graus acima do de 2012, o que aumenta o consumo.


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