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Análise Energia

Crise elétrica precisa ser mitigada para tranquilizar investidores

BRÁULIO BORGES ESPECIAL PARA A FOLHA

A despeito de os reservatórios estarem com os menores níveis de desde 2001 -ano do "apagão"-, o risco de racionamento de energia elétrica em 2013/2014 é relativamente baixo.

No PEN (Plano Energético Nacional) 2012-2016, divulgado em setembro de 2012, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), já considerando cenários que levavam em conta as fracas chuvas observadas durante boa parte de 2012, estimava uma probabilidade de deficit de energia em 2013 de 4,8% no sistema Sudeste/Centro-Oeste, 4,4% no Sul, 1,8% em Nordeste e 1,7% no Norte, caindo bastante em 2014.

O Conselho Nacional de Política Energética define que o risco máximo aceitável é 5%.

Por detrás dessas probabilidades, há a premissa de um crescimento da demanda por energia compatível com uma expansão do PIB de 4% (acima, portanto, das projeções de consenso, hoje mais próximas de 3% em 2013).

Também foram consideradas a entrada em operação de novas hidrelétricas (notadamente Jirau e Santo Antonio, no rio Madeira), termelétricas e eólicas, além de linhas de transmissão -boa parte ainda no 1º semestre de 2013.

Para além desses fatores, é importante notar que os níveis dos reservatórios na região Sul estão aumentando rapidamente -de pouco mais de 36% da capacidade total no fim de dezembro para cerca de 47% nos últimos dias (ante um nível mínimo de 36% estabelecido pela Curva de Aversão ao Risco para janeiro de 2013).

É possível acelerar a geração de energia hidrelétrica no Sul para abastecer o Sudeste (em 2001, havia sobra no Sul, mas o país não contava com linhas de transmissão).

Não obstante o baixo risco de deficit de energia, a mera expectativa de que possa haver algum tipo de racionamento pode ter impacto negativo sobre a atividade econômica, notadamente sobre a confiança dos empresários, com rebatimentos sobre os investimentos -que foram os principais responsáveis pelo desempenho frustrante do PIB em 2012 (que deve ter crescido apenas 1%).

Seria importante que o governo tomasse rapidamente medidas para reduzir o consumo de energia elétrica residencial e comercial, de modo a minimizar os temores.

Alguns exemplos de medidas com efeitos quase instantâneos sobre a demanda de energia (mas com impactos pequenos sobre a atividade econômica) são: 1) alteração do horário de verão (adiantando os relógios em mais 30 minutos ou uma hora e esticando sua duração para além de fevereiro); 2) estímulo, por meio de campanhas publicitárias, a um menor uso de energia nas residências e comércio (reduzindo em 10% ou 15% o número de lâmpadas utilizadas, incentivando o desligamento de aparelhos que ficam em stand-by, bem como a desativação parcial de alguns elevadores e escadas rolantes); 3) estímulo, por meio de isenções tributárias ou subsídios, à troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes (muito mais eficientes); e 4) adoção de iniciativas como o Cool Biz japonês e coreano (campanhas adotadas desde meados da década passada, que estimulam os trabalhadores a vestir roupas mais confortáveis

-abdicando das gravatas- nos períodos de verão, buscando reduzir o uso dos aparelhos de ar-condicionado).

A oportunidade também poderia ser aproveitada para tomar medidas com impactos mais a médio prazo.

Por exemplo, adotar políticas (por meio de isenções ou subsídios) para disseminar o uso de energia solar pelas residências e para acelerar a implementação de redes de distribuição smart grid (redes inteligentes, em que tecnologias de informação permitem o monitoramento em tempo real do consumo, com forte aumento da eficiência).

Também poderiam ser incentivadas iniciativas para reduzir as perdas nas linhas de transmissão (superiores àquelas verificadas em outros países) e para repotencializar algumas usinas hidrelétricas (isto é, aumentar sua potência por meio da modernização de seus equipamentos).


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