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Bloqueio de compra da Inbev é 1º desafio de chefe do 'Cade' dos EUA

Segundo empresa, processo é incoerente com a lei e com o mercado

RAUL JUSTE LORES DE NOVA YORK

O processo iniciado pelo Departamento de Justiça americano para impedir que a multinacional belgo-brasileira AB Inbev (dona da Ambev no Brasil) compre a cervejaria mexicana Modelo é o primeiro grande caso do novo chefe do principal órgão de defesa de concorrência nos Estados Unidos.

Há um mês no cargo, William J. Baer, 62, falou a jornalistas americanos que, se houver um pequeno aumento no preço da cerveja a partir desse negócio, os consumidores acabarão pagando "bilhões de dólares a mais".

É o maior caso desde que o governo americano abriu processo contra a compra da empresa de telefonia T Mobile pela AT&T por US$ 39 bilhões em 2011. As empresas desistiram da transação.

Durante um ano e meio, o órgão teve dois presidentes interinos. A última titular no cargo, Christine Varney, deixou o posto em julho de 2011 e se tornou sócia de um grande escritório de advocacia. Hoje, ela representa a Modelo no processo que seu sucessor está levantando.

Baer é advogado especializado em concorrência e tinha sido indicado em setembro, mas só no final de dezembro o Senado americano aprovou sua indicação.

CONCENTRADOR

O negócio, de mais de US$ 20 bilhões, é considerado "concentrador de mercado" pelo governo americano.

A Anheuser Busch, da Inbev, possui 39% do mercado de cervejas nos Estados Unidos e a mexicano Modelo, a terceira maior, tem 7%. Juntas, teriam 46%. No Brasil, a Ambev, parte da AB Inbev, possui 68% do mercado.

Em nota, a empresa já se manifestou contra o processo, dizendo que é "incoerente com a lei e com o mercado" e que vai recorrer.

Nos bastidores, acredita-se que empresa e governo continuarão negociando para tentar aprovar a compra, anunciada em junho e que desde agosto é investigada pelo departamento pró-concorrência em Washington.

A Inbev já tinha oferecido se desfazer dos 50% que a Modelo tem na Crown, maior importadora da cerveja Corona nos EUA, vendendo-a por cerca de US$ 1,9 bilhão.

Mas autoridades antitruste consideram a oferta insuficiente pois a dependência da Crown de produtos da Modelo a faria muito submissa aos preços ditados por esta.

Uma organização não governamental a favor da concorrência, o American Antitrust Institute, comemorou o processo, dizendo que já existe duopólio no mercado de cervejas no país entre AB Inbev e Sab Miller, e que a Modelo representa um "influente, criativo e ativo competidor" no mercado cervejeiro. As três detêm 72% do mercado.

"Uma análise antimonopólio olha estritamente a promoção de preços competitivos, inovação de produtos e escolha do consumidor", diz Sandeep Vaheesan, conselheiro da ONG.


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