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Análise
Cenário de curto prazo para Brasil e emergentes é sombrio
KAUSIK BASU ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATEA dúvida de quem acompanha a economia mundial é se, após as ações dos BCs globais em 2012, a calmaria que surgiu após a tempestade vai perdurar, permitindo a retomada, especialmente nos países emergentes.
Muitos desses emergentes começaram a crescer rápido apenas recentemente e, dadas suas vastas populações de pobres, o avanço econômico é um imperativo moral.
Examinando o passado com o máximo cuidado possível, e ciente dos riscos de fazer profecias, não acredito em uma recuperação sustentada da economia global.
Até 2015, as perspectivas são sombrias para a Europa e, portanto, para os emergente. A injeção de liquidez realizada em 2012 pelo Banco Central Europeu foi correta. Mas serviu para ganhar tempo, não resolveu o problema.
Se a Europa não fizer sérias reformas fiscais e bancárias e colocar sua casa em ordem, a crise persistirá e o bloco sofrerá um abalo em 2014.
O que isso causa nos países em desenvolvimento? Os EUA e a Europa são as duas maiores potências econômicas do planeta. Qualquer desaceleração em suas economias causa impacto adverso a todos os países emergentes.
A situação no curto prazo para os emergentes é precária. As pressões inflacionárias, já existentes, podem crescer se mais ações de estímulo fiscal forem adotadas.
No médio e longo prazo, o cenário é mais positivo. Países que estão poupando substancialmente, investindo em capital humano e praticando um mínimo de boa governança devem retomar logo o ritmo acelerado de expansão.
Para superar os temores de curto prazo e abrir caminho para crescimento nos países em desenvolvimento, é preciso que os países ricos (Europa, principalmente) restaurem sua situação fiscal.
KAUSHIK BASU é vice-presidente sênior e economista-chefe do Banco Mundial, e professor de Economia e da cátedra C. Marks de estudos internacionais na Universidade Cornell.
Tradução de PAULO MIGLIACCI