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Análise 2012

Ano não poupou nem emergentes nem ricos

Europa é principal risco econômico em 2013, e exportação de commodities da América Latina depende do apetite chinês

JOSEPH STIGLITZ ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE

O ano passado foi tão ruim quanto eu previa. A recessão na Europa era consequência previsível das políticas de austeridade e de uma estrutura para o euro que sempre esteve fadada ao fracasso.

A anêmica recuperação dos EUA era consequência previsível do impasse político que deixou a economia à beira de um "abismo fiscal".

As duas principais surpresas foram a desaceleração nos países emergentes, ligeiramente mais aguda e ampla que o previsto, e a adoção de algumas reformas realmente notáveis pela Europa -mas bem aquém das necessárias.

Com relação a 2013, os principais riscos estão na Europa e nos EUA. Em contraste, a China dispõe dos instrumentos, recursos, incentivos e conhecimento necessários para evitar uma aterrissagem dura para sua economia.

Os chineses compreendem que precisam se concentrar mais na "qualidade" do crescimento -reequilibrando sua economia de forma a reforçar o consumo interno e reduzir o peso das exportações- do que no volume de produção.

Mesmo com a mudança de foco, um crescimento do PIB chinês de 7% deve bastar para sustentar os preços das commodities, o que beneficiará as exportações da África e da América Latina.

Os EUA, com Obama reeleito, provavelmente continuarão a avançar aos trancos e barrancos, como fizeram nos últimos quatro anos.

Mas o verdadeiro risco para a economia global está na Europa. Espanha e Grécia estão em depressão, sem esperanças de retomada em vista.

O "pacto fiscal" da zona do euro não é solução, e as compras de títulos dos governos pelo Banco Central Europeu são na melhor das hipóteses um paliativo temporário.

A depressão que as autoridades europeias impuseram à Espanha e Grécia já tem consequências políticas. Na Espanha, os movimentos separatistas, especialmente o da Catalunha, ressurgiram, enquanto na Grécia o neonazismo está em marcha.

O euro, criado com o propósito declarado de fomentar a integração de uma Europa democrática, está tendo exatamente o efeito oposto.

Prever 2013 envolve prever como o governo dividido dos EUA e a Europa dividida responderão às suas crises.

Os EUA provavelmente sobreviverão cambaleando a mais um ano, sem nem cair no abismo nem tomar a estrada para uma recuperação robusta. Mas, dos dois lados do Atlântico, as bravatas políticas e as demonstrações de ousadia irresponsável estarão bastante presentes.

O problema é que quem muito ameaça saltar no abismo um dia acaba caindo.


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