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"Protecionismo isolará indústria nacional"

Diplomata afirma que país está perdendo o bonde dos acordos de comércio globais

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

As medidas protecionistas do governo deixam a indústria brasileira cada vez mais isolada. Esse é o alerta de Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp. "Daqui a 10 ou 15 anos, a indústria vai estar produzindo só para o mercado interno."

Segundo Barbosa, que foi embaixador brasileiro em Washington (1999-2004), o Brasil não se inseriu nas cadeias produtivas globais, que integram indústrias de vários países, e perdeu o bonde dos acordos de comércio.

Os EUA acabam de anunciar o início das negociações de um acordo comercial com a União Europeia, e já estão negociando com vários países latino-americanos a adesão à Parceria TransPacífico.

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Folha - O sr. afirma que o Brasil está excluído das cadeias produtivas globais. Por quê?

Rubens Barbosa - Nos últimos 20 anos, o comércio internacional têm incorporado cadeias produtivas globais. A Embraer é a única empresa brasileira que participa dessas cadeias -no avião produzido aqui, a asa pode vir do Chile, os componentes eletrônicos dos EUA, o trem de pouso de outro país. O país precisa estar integrado em acordos regionais ou bilaterais, que têm regras não previstas pela OMC.

Há regras de investimentos, serviços e compras governamentais, que garantem o investimento, a propriedade intelectual, serviços, que esses países vão absorver.

Quando o Brasil, a China e a Rússia acordarem, as regras estarão todas formuladas e incorporadas nos acordos comerciais. E não haverá negociação, o Brasil vai se ver obrigado a aceitar.

Como isso afeta países como China, Brasil, Índia e Rússia?

Pode ser que o mercado interno garanta uma sobrevida para a indústria, mas nós podemos perder exportações destinadas à Europa e aos Estados Unidos se eles formarem esse acordo.

Mas os EUA e União Europeia já têm tarifas muito baixas. Então o que muda com esse acordo?

Vão dizer que nossos produtos não se encaixam nos "standards" deles; os padrões podem ser usados como barreiras não tarifárias.

A lógica seria o Brasil pelo menos se inserir na cadeia produtiva no Mercosul e na América Latina, não?

Se inserir não, montar uma cadeia produtiva. A gente não tem cadeia produtiva nem com a Argentina.

O alto protecionismo atrapalha porque o investimento não é feito para produção e exportação.

Você é da Fiesp; criticar as medidas de proteção à indústria não é contraditório?

Não estou criticando, são corretas, mas de curto prazo, não são suficientes.

Daqui a 10 ou 15 anos, a indústria brasileira vai estar produzindo só para o mercado interno.


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