Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Bilionário Buffett vem conhecer jeito Ambev de administrar
Sócio de brasileiros na Heinz, investidor americano quer fazer fabricante de ketchup virar gigante alimentícia
Em meio a investigações de vazamento de informação nas compras da Heinz e do Burger King, o megainvestidor americano Warren Buffett veio ao Brasil conhecer "o jeito Ambev de administrar" dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, com quem se juntou para comprar a gigante do ketchup nos EUA.
Buffett quis ver de perto se a cultura agressiva, que levou a cervejaria brasileira a se tornar a maior do mundo, pode ser adotada na Heinz, empresa que nasceu em Pittsburgh (Pensilvânia) e se tornou um ícone da cultura americana.
Banqueiros de origem, o trio brasileiro é conhecido por cobrar resultados e exigir eficiência e qualidade, além de premiar executivos capazes de elevar ganhos e reduzir gastos, mesmo que isso ocorra a custo de demissões.
O trio tem no currículo experiência de ter comprado e levado esse modelo de gestão a outras marcas americanas. Depois de terem se associado à cervejaria belga Interbrew, eles compraram a Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser, e a rede Burger King, arquirrival do McDonald's.
Ao contrário do que se imaginava, os americanos foram receptivos ao modelo de gestão da Ambev -bônus agressivos, possibilidade de fazer carreira internacional e de participar de projetos de expansão da empresa.
Buffett esteve acompanhado de Lemann e Telles, além do presidente da Ambev, João Castro Neves, e vice-presidentes de diferentes áreas. O encontro aconteceu nesta semana na sede administrativa na zona sul de São Paulo.
Com a visita, o bilionário e os brasileiros querem dar um recado ao mercado: mostrar que estão em sintonia nos negócios, mesmo que seja necessário fazer mudanças no alto escalão de Heinz.
Apesar de ser considerada financeiramente saudável, a fabricante de ketchup está longe dos índices de eficiência e produtividade da cervejaria Ambev.
SOB INVESTIGAÇÃO
Nos Estados Unidos, a SEC (órgão regulador do mercado financeiro americano) investiga transações dos papéis da Heinz na véspera do anúncio da compra da empresa, por US$ 23 bilhões.
As negociações sob investigação teriam rendido mais de US$ 1,7 milhão em lucros a operadores do mercado financeiro. Os papéis da Heinz subiram 19,9% no dia do anúncio do negócio. Desde então, ficaram estáveis. (TONI SCIARRETTA e CLAUDIA ROLLI)