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Projeto de potássio na Argentina deve ser extinto pela Vale

Empresa tenta enxugar portfólio de ativos e cortar custos e cria mal-estar entre governo vizinho e Planalto

Conselho de administração da empresa discutirá amanhã esse caso, após adiamento

NATUZA NERY RENATA AGOSTINI VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

A reestruturação de projetos da Vale, que tenta enxugar seu portfólio de ativos e cortar custos, deve sacrificar o projeto de exploração de potássio da empresa na Argentina, o que já provoca mal-estar entre o governo brasileiro e o argentino.

A posição do país vizinho, que endureceu as exigências em relação ao negócio, vem causando irritação no Palácio do Planalto.

A discussão sobre sua suspensão, adiada a pedido do governo, será submetida amanhã ao conselho de administração da empresa.

Apesar do desejo do governo brasileiro de que ele seja mantido, os executivos da mineradora já o consideram praticamente inviável. O projeto se somará a uma vasta lista de ativos sob avaliação.

Hoje, a relação é encabeçada pela VLI (Valor da Logística Integrada), em que negocia a entrada de um sócio. O desejo da mineradora é se desfazer ainda de 18 blocos de petróleo, de sua fatia na fabricante de alumínio norueguesa Norsk Hydro e de sua frota de 19 navios Valemax.

Juntos, esses projetos podem significar mais de US$ 4 bilhões de caixa para a empresa, segundo cálculos de analistas. Em 2012, a empresa levantou US$ 1,4 bilhão com a venda de ativos.

QUESTÃO POLÍTICA

O projeto na Argentina, batizado de Rio Colorado, enquadra-se na nova estratégia da empresa de dispensar projetos que consumam capital num momento de preços de minério mais baixos e de redução de fluxo de caixa.

O problema é que o governo brasileiro gostaria, por questões políticas, que a Vale não abandonasse o projeto, mas sabe que as exigências da Argentina tendem a inviabilizá-lo.

Segundo apurou a Folha, o governo argentino já avisou que não irá ceder em suas exigências fiscais e trabalhistas, que fizeram o custo do projeto quase triplicar.

Orçado inicialmente em US$ 4 bilhões, o empreendimento custará agora cerca de US$ 11 bilhões, segundo cálculos de executivos da empresa. Oficialmente, a Vale afirma que o projeto está em US$ 5,9 bilhões.

A posição argentina foi transmitida na segunda-feira passada ao governo brasileiro, durante reunião bilateral. Na avaliação das autoridades brasileiras, uma solução mediada, além de preservar o US$ 1,8 bilhão já aportado pela Vale, evitaria perdas de grandes proporções à economia argentina, já bastante fragilizada. Um colapso do país vizinho traria prejuízos óbvios ao Brasil.

Enquanto reavalia seus projetos, a Vale segura investimentos e promove ajustes em seu quadro de funcionários. O foco são áreas do setor administrativo e de negócios.

Os cortes vêm sendo feitos em doses homeopáticas para não levantar questionamentos por parte do governo. A Vale é uma das maiores empregadoras do país.

A VSE, empresa de energia criada em parceria com o BNDES, chegou a ter mais de 400 funcionários. Hoje são cerca de 50. Foi investido mais de R$ 1 bilhão na companhia nos últimos cinco anos.

Fontes relatam ainda cortes que superam 400 pessoas nas áreas de logística e no chamado CSC (Centro de Serviços Compartilhados).

A Vale afirma que os funcionários estão sendo realocados e que a reestruturação de áreas não alterou a taxa de renovação de seu quadro de funcionários, que se mantém em 4,5%. Em razão de projetos, o número total de empregados vem crescendo.


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