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Projetos de potássio no país não avançam

Entraves estatais e falta de decisão na Vale impedem maior produção do mineral, que hoje é 90% importado

Governador argentino chamou de 'chantagista' e 'irresponsável' decisão da Vale de suspender projeto no país vizinho

RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA

A decisão da Vale de cancelar o projeto de exploração de potássio na Argentina, além de acirrar os ânimos entre os dois governos, põe fim ao principal atalho do país para ter acesso a reservas significativas do mineral, usado na produção de fertilizantes.

O Brasil compra no exterior mais de 90% do potássio que necessita e é praticamente refém de Canadá, Rússia e Belarus, que dominam o mercado mundial e são origem de quase 80% das importações brasileiras do minério (7 milhões de toneladas).

Com o projeto na Argentina, o país teria acesso facilitado a uma produção de 4,3 milhões de toneladas por ano a partir de 2015.

Hoje, a produção de potássio se restringe a cerca de 550 mil toneladas extraídas pela Vale do complexo Taquari-Vassouras, em Sergipe.

Esse número, contudo, poderia ser bem maior não fosse o descaso do governo com o que poderia se tornar a maior operação do mineral no país, na Amazônia.

O direito de exploração das áreas de Fazendinha e Arari, no Amazonas, pertence à Petrobras e foi licitado em 2008 diante da constatação da estatal de que investimentos em mineração estavam fora de seus planos estratégicos.

A empresa vencedora da disputa, Amazon Potássio, formada em sua maioria por investidores estrangeiros, chegou a pagar parte dos R$ 151 milhões oferecidos pelo projeto.

Mas, cerca de um mês depois, o contrato foi cancelado pela estatal, e o dinheiro, devolvido, em operação chancelada pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Na avaliação do governo, o projeto (que tem reserva estimada em 1 bilhão de toneladas) deveria ficar a cargo de grupos nacionais. O problema é que, desde então, o empreendimento não andou.

A estimativa da Amazon Potássio na época era que a produção poderia ser iniciada já em 2014, com potencial para chegar a 2 milhões de toneladas por ano, ou cerca de 25% da necessidade de consumo do país.

Não se trata do único projeto mantido engavetado.

Em abril de 2012, a Vale renovou o contrato de arrendamento da reserva de potássio em Sergipe, que também pertence à Petrobras, com promessa de ampliar a produção do mineral por meio da exploração de reservas de carnallita, em área próxima a de Taquari-Vassouras.

O acordo, classificado pela presidente Dilma como "estratégico para nossa segurança alimentar", previa o acréscimo de 1,2 milhão de toneladas à produção do país.

Até hoje, contudo, o conselho de administração da mineradora não deliberou sobre novos investimentos na região que viabilizarão o Projeto Carnalita e, segundo a empresa, ainda não há previsão de quando o tema entrará na pauta.

REAÇÃO ARGENTINA

As autoridades argentinas reagiram à decisão da Vale. O ministro do Planejamento, Julio de Vido, disse que a empresa "violou as lei argentinas". Já o governador de Mendoza, Francisco "Paco" Pérez, chamou a decisão da Vale de "chantagista", "intempestiva" e "irresponsável".


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