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Chipre aprova "plano B" para ter resgate
Parlamento dá aval para governo controlar capitais e reestruturar bancos, mas adia debate de taxação de depósitos
Objetivo do governo é convencer UE a liberar resgate para salvar bancos locais da quebra; Rússia nega empréstimo
Em reunião de emergência, o Parlamento do Chipre aprovou ontem um pacote de leis que inclui a reestruturação dos bancos e o controle de capitais pelo governo.
A negociação às pressas é a tentativa de emplacar um "plano B" para convencer a União Europeia a conceder ao país um resgate de € 10 bilhões (R$ 28 bilhões).
Os parlamentares deixaram para hoje, no entanto, o tema mais difícil: a taxação dos depósitos bancários.
Na terça, os deputados cipriotas rejeitaram um primeiro pacote que previa uma forte taxação sobre todos os depósitos bancários, qualquer que fosse seu montante, o que gerou forte indignação na população.
O confisco de parte dos depósitos era considerado descartado até ontem, quando o governo voltou a dizer que a opção "está definitivamente sobre a mesa".
Segundo a imprensa do país, após a aprovação total do pacote, as autoridades do Chipre irão a Bruxelas negociar com a União Europeia.
O objetivo global das medidas é arrecadar os € 5,8 bilhões (R$ 15 bilhões) exigidos pela troika -o Banco Central Europeu, União Europeia e FMI (Fundo Monetário Internacional)- para liberar o resgate e salvar os bancos cipriotas da quebra.
O texto com restrições aos movimentos de capital, aprovado por unanimidade, pretende evitar uma fuga de depósitos quando os bancos cipriotas reabrirem suas portas, na terça.
Já a lei sobre a reestruturação dos bancos foi a mais disputad: 26 votos a favor, dois contra e 25 abstenções.
O pacote desenhado até agora, no entanto, tem potencial para não agradar a Alemanha, por aumentar a dívida pública do país, ilha no Mediterrâneo com menos de 1 milhão de habitantes que responde por 0,2% da economia da zona do euro.
Uma das medidas aprovadas foi a criação um "fundo de solidariedade" reunindo fundos de pensão do Estado que serviriam de garantia para a emissão de novos títulos da dívida teve votação.
Como lastro do "fundo de solidariedade" poderiam ser incluídos no futuro as receitas que a exploração dos importantes recursos de gás detectados recentemente devem fornecer em breve.
Enquanto se desenrolava o drama no Parlamento, o governo sofria outro revés.
A Rússia negou dar ajuda financeira à ilha até que se resolva o impasse com a troika.
Moscou rejeitou a ideia de aumentar o investimento russo na extração de gás do país por meio de títulos condicionados às reservas.