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Maduro diz que Chávez apareceu para ele em forma de passarinho
Na terra natal do esquerdista na Venezuela, candidato disse que mentor o "abençoou"
A onipresença de Hugo Chávez, cuja morte completa um mês na sexta, ganhou contornos insólitos no esforço governista para eleger seu sucessor na Venezuela.
Às fotos e à voz do esquerdista que entoa o hino nacional se juntou ontem, em sua cidade natal Sabaneta, um "passarinho pequenino".
Segundo Nicolás Maduro, candidato a presidente e mandatário interino, foi na forma do animalzinho que Chávez apareceu para ele e o abençoou ao iniciar a campanha para a votação do dia 14.
"Senti-o aqui como uma bênção, nos dizendo: 'hoje começa a batalha. Rumo à vitória. Vocês têm nossa bênção'. Eu o senti na minha alma", relatou Maduro, favorito na contenda, no pátio da casa onde Chávez nasceu.
Maduro contou que a aparição ocorreu quando ele rezava em uma capela. A ave teria se comunicado com ele por assobios. "De repente entrou um passarinho, pequenininho, e deu três voltas aqui em cima", disse apontando a cabeça.
O pássaro, continuou, "parou em uma viga de madeira e começou a cantar, um assobio lindo", disse, imitando-o.
"Fiquei vendo-o e também cantei para ele, então. 'Se você canta, eu canto', e cantei. O passarinho me estranhou? Não. Cantou um pouquinho, deu uma volta e foi embora e eu senti o espírito dele [Chávez]", ressaltou.
Em um mês são incontáveis as declarações de governistas que sugerem a deificação do esquerdista -desde um artigo intitulado "Chávez crucificado" reproduzido pela estatal do petróleo PDVSA até a convicção de Maduro de que seu mentor ajudou na escolha do novo papa argentino.
A tradição político-religiosa venezuelana conta com casos semelhantes, a começar pelo prócer Simón Bolívar (1783-1830), adorado em altares populares.
Nas redes sociais, a história do passarinho virou hit, com charges e sátiras de simpatizantes da oposição. O site humorístico Chigüire Bipolar protestou: "É muito difícil fazer humor com material bruto que já parece paródia".