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Países boicotam fala de paraguaio na OEA
Vinte e um dos 34 países-membros, entre eles o Brasil, não compareceram à sessão com presidente Federico Franco
Governo paraguaio está isolado desde que houve impeachment de Lugo no ano passado; eleição ocorre em 21 de abril
Em mais um movimento para isolar o governo de Federico Franco, 21 dos 34 países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos) -entre eles o Brasil- decidiram boicotar o discurso do presidente paraguaio na sede do organismo em Washington ontem.
Todos os 11 países que integram a Unasul, bloco do qual o Paraguai está suspenso desde o impeachment-relâmpago do presidente Fernando Lugo em junho passado, decidiram não comparecer à sessão.
Segundo a missão do Brasil na OEA, um "conjunto de fatores" levou à decisão de não comparecer à reunião com Franco -entre eles, o fato de considerar não democrático o processo que levou o paraguaio ao poder e as recentes declarações de Franco celebrando a morte do venezuelano Hugo Chávez.
A missão da Venezuela na OEA chegou a distribuir uma carta às outras representações pedindo para que os demais países boicotassem a sessão.
Ontem de manhã, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua entregaram um comunicado ao Panamá -que exerce a presidência interina do bloco- em que pediam o "rechaço da organização" às "declarações desrespeitosas que ofenderam a memória do presidente Chávez".
Em visita a Madri, antes de ir aos EUA, Franco disse ser um "milagre" que Chávez tenha "desaparecido da face da Terra". Segundo ele, o venezuelano "oferecia proteção a grupos criminosos" como o Exército do Povo Paraguaio.
Os quatro países ainda destacaram no documento que o debate sobre a situação política do Paraguai está "pendente" na OEA. A organização é o único fórum regional em que o governo Franco não foi suspenso.
PRINCÍPIOS
Diante dos representantes de apenas 13 delegações -entre elas EUA, México, Canadá e Honduras-, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, elogiou a "liderança" de Franco. "Sua tarefa não tem sido nada fácil, mas você tem se mantido forte em seus princípios", disse Insulza.
O paraguaio, por sua vez, agradeceu o "apoio da OEA durante o processo de transição" no país. "Vocês [OEA] não se equivocaram ao analisar a situação pela qual atravessa o Paraguai", afirmou Franco, aos poucos presentes.
Funcionários da OEA chegaram a reorganizar as cadeiras no auditório -geralmente ordenadas pelo nome dos países- para que as ausências não ficassem tão evidentes.
Para diplomatas que participaram do boicote, o "timing" escolhido por Franco para a visita à OEA -às vésperas das eleições presidenciais em 21 de abril- também contribuiu para o ato de repúdio. Na avaliação desses países, a intenção do paraguaio seria usar a OEA como palanque.
Ontem, a Argentina -que também não reconhece o governo Franco- se recusou a receber ajuda do Paraguai para as vítimas das enchentes recentes no país. (isabel Fleck)