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Capriles abandona o estilo 'paz e amor'

Candidato da oposição na Venezuela desafia herdeiro de Chávez utilizando tom mais agressivo do que em 2012

Ele se recusou a assinar documento em que assumiria compromisso de reconhecer resultado da votação de amanhã

FLÁVIA MARREIRO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Lançado em uma campanha curta e difícil que pode decidir a sorte de sua carreira política, o candidato da oposição à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles, 40, resolveu arriscar.

Quando no marketing político se diz que o importante é fixar uma mensagem, ele, atrás em média dez pontos de acordo com as pesquisas disponíveis, repetia em comícios: "Eu não sou o mesmo de 7 de outubro".

É uma referência às presidenciais de 2012, quando perdeu para Hugo Chávez obtendo 44% dos votos, a melhor performance de um opositor desde 1999.

Na época, assessorado pelos marqueteiros brasileiros Renato Pereira e Chico Mendez, ele adotou disciplinadamente o estilo "paz e amor", pregando a reconciliação do país, e evitou confrontação direta com Chávez na tentativa de atrair governistas descontentes.

Desta vez, o tom foi outro. "Tolerei muito abuso e vou lutar por todos os votos da nossa Venezuela", disse na terça, quando se recusou a assinar um documento proposto pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) sobre o reconhecimento dos resultados das urnas amanhã.

Capriles preferiu assinar um documento alternativo, no qual diz que respeitará os resultados, mas reitera as desigualdades na campanha. A oposição diz que a votação é limpa, mas insiste em que a campanha não é justa.

"A estratégia de Capriles é arriscada, mas parece estar dando frutos. É como caminhar no fio da navalha: questionar o CNE sem desmotivar seus eleitores a ir votar", diz Ignacio Ávalos, do Observatório Eleitoral Venezuelano.

Depois das primeiras semanas de ataques ao oponente, Nicolás Maduro, o candidato da coalizão opositora MUD voltou a se dirigir aos simpatizantes chavistas para repetir que "Maduro não é Chávez" e prometer o fim de divisões políticas no país.

Francisco Toro, do influente blog Caracas Chronicles, questionou: "Você pode ser um pitbull, ou pode fazer a campanha como unificador', mas é muito difícil fazer os dois".

O fato é que a campanha, que começou com desânimo (Capriles chegou a pensar em não concorrer), ganhou fôlego e conseguiu reunir multidões, apesar da desmoralização da oposição pelas derrotas em outubro e dezembro (o chavismo levou 20 dos 23 Estados nas regionais).

Os questionamentos do opositor sobre a insegurança, sobre as falhas elétricas e inflação ecoaram na campanha de Maduro, que endossou tacitamente as críticas ao dizer que será "o presidente da segurança", por exemplo.

Para um interlocutor do candidato, Capriles está sendo "marqueteiro de si mesmo" e conseguiu afinar o tom na reta final.

Analistas e institutos de pesquisa acham que ele encurtou a diferença de Maduro, mas a maioria duvida de que o arranque final seja suficiente para vencer.


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