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Brasileiros escapam por pouco de explosão

Participantes da maratona de Boston ouviram estrondos, mas só entenderam o que acontecera após o fim da prova

Economista e treinador ouviram estrondos pouco antes da linha de chegada; ruas ficaram vazias, diz psicóloga

DE SÃO PAULO DO RIO

Brasileiros que participaram da maratona de Boston, uma das mais tradicionais do mundo, relataram momentos de insegurança e pânico após as explosões no fim da prova.

A economista Fabiana Tito, 32, diz que o cansaço salvou sua vida e a da amiga Tatiana Farina, também 32. Chegando perto do final dos 42 km da prova, Fabiana começou a se sentir muito cansada e com dor no baço. Ela e Tatiana decidiram desacelerar.

"Ainda bem que resolvemos dar uma andada... se eu tivesse mantido o ritmo, estaria na linha de chegada na hora da explosão", disse Fabiana à Folha, por telefone.

As duas estavam a 1 km da linha de chegada quando ouviram o estrondo. A mãe de Fabiana, Elza, acompanhava a corrida da filha pela internet e ficou desesperada --pelo site, a filha estaria passando pela linha de chegada justamente na hora da explosão.

Segundo Tatiana, logo depois do barulho da explosão, todo mundo começou a se amontoar, e a polícia veio interromper a corrida. "Tinha muita gente chorando, ninguém sabia direito o que estava acontecendo", contou.

O administrador José Alberto Cortez, 37, completou a maratona. Terminou os 42 km e, dez minutos depois, escutou a primeira explosão, a 300 m de onde estava.

Cortez procurou a mulher, seus dois filhos e seus pais, que estavam lá para vê-lo. "Não vi gente correndo, desesperada, porque na hora não sabíamos o que havia acontecido, mas precisava saber onde estava minha família." Só no carro, a caminho do hotel, soube que a polícia investigava um atentado.

SILÊNCIO E RUAS VAZIAS

"Tive muita sorte. Passei pela linha de chegada um minuto antes da explosão", disse a psicóloga Kelly Montoaneli, 42, moradora de Belo Horizonte. Era sua primeira participação na prova.

"Ao cruzar a linha de chegada, pude perceber um estouro bem forte; logo em seguida, houve outro. As pessoas não entenderam do que se tratava", diz Kelly.

Segundo ela, só depois de três quarteirões, na área de dispersão da maratona, seu bloco de corredores percebeu que havia um problema.

"Vi um corredor na maca, com o rosto ensanguentado. Assim que saí da área da corrida para o metrô, fomos surpreendidos por um policial que falava bravo com as pessoas. Sirenes de ambulância e polícia tomaram conta, mas o metrô ainda estava liberado e viemos para o hotel."

A psicóloga está na cidade com o treinador Fábio Avelar. Eles souberam das explosões e mortes só no hotel. "O clima está superestranho agora, com um enorme silêncio e ruas vazias", afirmou Kelly.

"Escutei uma forte explosão e, 20 segundos depois, outra. Fiquei bastante assustado --a expressão de todos no local foi de susto e espanto. Ficaram calados olhando em volta, tentando ver o que tinha acontecido. Não tínhamos ideia da gravidade do problema", relatou Avelar.

O treinador carioca João Montenegro, 33, acompanhava um de seus alunos na maratona quando houve a explosão. A dupla se aproximava da rua Boylston, onde ficava a linha de chegada, quando percebeu que os corredores à sua frente começaram a parar --faltavam menos de 500 metros até o ponto final.

"No início, eu não entendi. Depois, percebemos que a rua havia sido bloqueada por policiais", disse Montenegro.

"Por dois ou três minutos, eu poderia estar no local exato da explosão", avaliou Montenegro. "Meu anjo da guarda estava atento. Se acelero um pouco mais no final, complicava." Ele participou da maratona de Boston com um grupo de 15 amigos do Rio e de Brasília; nenhum se feriu. (PATRÍCIA CAMPOS MELLO, LUISA ALCÂNTARA E SILVA, FABIO BRISOLLA E MARCEL MERGUIZO)


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