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Itália indica moderado de esquerda para ser premiê

Enrico Letta, do Partido Democrático, tem missão de resolver impasse de 2 meses

Letta ainda depende de apoio do partido do ex-premiê Silvio Berlusconi para ser confirmado no cargo

BERNARDO MELLO FRANCO DE LONDRES

Após dois meses de paralisia política, a Itália deve enfim ter um novo governo, numa possível e inédita coalizão entre a centro-esquerda e o partido do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Enrico Letta, 46, foi indicado pelo presidente Giorgio Napolitano, 87, para chefiar o futuro gabinete. Vice-líder do PD (Partido Democrático), ele é considerado um moderado na cúpula da sigla, fundada por ex-comunistas.

Em sua primeira declaração pós-indicação, Letta afirmou que a política italiana perdeu a credibilidade e prometeu empenho para reduzir o índice de desemprego, que beira os 12% e é o maior em 21 anos. A Itália tem o terceiro PIB da zona do euro, atrás de Alemanha e França.

Ele fez um apelo por união para dar fim ao impasse político, deflagrado em fevereiro, quando nenhum partido conseguiu maioria nas eleições gerais.

"A situação é muito difícil. Passaram-se 60 dias e o país está à espera de um governo. Todos sabemos que esta situação não pode continuar assim", afirmou.

Ao anunciar a escolha, Napolitano disse que não havia outra solução possível e pediu "respeito recíproco" entre as principais forças políticas do país para viabilizar o novo governo.

Letta se disse surpreso com o convite e anunciou que se reunirá com líderes partidários hoje para negociar uma coalizão de "serviço ao país". A principal tarefa é ter o apoio do PDL (Povo da Liberdade), o partido de Berlusconi, segundo colocado nas eleições.

Conta a favor o fato de um tio de Letta, Gianni, ser muito próximo do ex-premiê. Nos bastidores, Berlusconi não se opôs à escolha de Napolitano, mas as negociações com o PDL não serão simples.

Letta disse que não formará um governo "a qualquer custo", num sinal de que não pretende atender a todas as reivindicações dos aliados de Berlusconi.

A defesa de uma solução política para a crise é também um recado ao Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe Grillo, que ficou em terceiro na eleição.

Com discurso populista contra toda a classe dirigente, Grillo se negou a negociar uma aliança com o ex-líder do PD Pier Luigi Bersani, então encarregado de montar o novo governo após obter ligeira vantagem nas urnas.

Sem acordo, o então premiê, Mario Monti, quarto colocado no pleito, ficou no cargo com poderes esvaziados.

Grillo dificilmente aceitará apoiar Letta. Em tom de ironia, lembrou em seu blog a relação dos Letta com Berlusconi. "São todos uma família", escreveu.

O anúncio de Napolitano foi bem recebido pelo mercado financeiro. Os juros dos títulos de curto prazo da dívida italiana caíram ao menor nível desde a adoção do euro, em 1999.

As principais bolsas europeias subiram ontem, sob a expectativa de que Letta traga estabilidade ao país. Ele conta com o apoio do ex-premiê Monti, bem visto por investidores estrangeiros.

Letta acenou com reformas para simplificar as regras eleitorais e reduzir o número de parlamentares. Num país que reclama das mordomias dos políticos, ele sinalizou uma nova atitude ao chegar ao palácio presidencial ao volante de seu próprio Fiat.


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