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Brasil prioriza disputa com ricos na OMC

Embates podem levar Azevêdo, candidato do país à direção do órgão, a ter de conquistar confiança entre desenvolvidos

Resultado deve ser anunciado quarta; mexicano Blanco é o outro nome na corrida para chefiar organismo

ISABEL FLECK DE SÃO PAULO

A disputa final pelo posto de diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), que se encerra nesta semana, se dá entre o defensor de uma maior participação dos mercados emergentes no sistema de Genebra e um representante alinhado aos países ricos, em especial, os EUA.

Na reta final da campanha, tanto o brasileiro Roberto Azevêdo como o mexicano Herminio Blanco tentam se desvencilhar desses rótulos. No entanto, a divisão existe e pode influenciar não só a votação como o mandato do sucessor do francês Pascal Lamy.

Azevêdo, representante do Brasil na OMC desde 2008, tem atrelada à sua imagem a de um país combativo às economias desenvolvidas em Genebra. Dos 26 processos iniciados pelo Brasil na organização --quarto maior número entre todos os países-membros--, 20 foram contra EUA, Canadá e União Europeia.

Os que mais contestaram o Brasil também foram países desenvolvidos: das 14 disputas que envolvem Brasília, dez foram acionadas por EUA, Canadá, UE e Japão.

Azevêdo leva no currículo duas vitórias contra os EUA: sobre os subsídios americanos ao algodão e sobre as taxas antidumping ao suco de laranja brasileiro.

A explicação para as disputas seria o grande volume de comércio que o Brasil mantém com as economias desenvolvidas. No entanto, a China, principal parceiro comercial do país desde 2009, nunca foi acionada por Brasília.

No caso do México, as disputas apresentam um equilíbrio maior entre desenvolvidos e emergentes. A proximidade do país com os EUA --destino de 77% das exportações mexicanas-- e o fato de Blanco ter sido o negociador-chefe para a criação do Nafta (acordo com EUA e Canadá) o colocam como a opção mais cômoda para Washington.

CONFIANÇA

Apesar de ser reconhecido como um bom negociador em Genebra, Azevêdo, se eleito, terá que se esforçar para "estabelecer confiança" com os desenvolvidos, afirma Joshua Meltzer, do Instituto Brookings, de Washington.

Na última semana, por exemplo, EUA, UE e Japão se uniram para questionar, num fórum da OMC, políticas de incentivo fiscal do Brasil. "A dificuldade para Azevêdo é que, como representante do Brasil, ele teve posições firmes na Rodada Doha [para liberalização do comércio mundial], que os EUA e os outros desenvolvidos não acharam construtivas", disse Meltzer à Folha.

Azevêdo, quando representante do Brasil, nunca hesitou em atribuir aos EUA a culpa pela estagnação da Rodada Doha, o que, na visão de Simon Evenett, da Universidade de St. Gallen (Suíça), é "contraproducente".

"Há muita culpa em torno de Doha. O próximo chefe da OMC terá que encontrar uma maneira de tocar adiante sem abandonar a negociação", diz.

E ele não terá como escapar da divisão "Norte-Sul", o que, segundo David Rothkopf, editor da "Foreign Policy", é claramente a principal divisão no comércio mundial hoje.

"Os países desenvolvidos temem que uma liderança brasileira coloque seus interesses em risco", diz Rothkopf, para quem Azevêdo, porém, pode oferecer "soluções práticas" para os dois lados.


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