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Conflito ainda vai longe, diz Cruz Vermelha

Chefe mundial da organização humanitária afirma que a operação na Síria é "desafio"

DENISE MENCHEN ENVIADA ESPECIAL A ST. GALLEN (SUÍÇA)

À frente do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), uma das principais instituições de ajuda humanitária em atividade na Síria, o suíço Peter Maurer diz que o recrudescimento da guerra civil no país aumenta a necessidade de auxílio externo.

Em entrevista à Folha na sexta-feira, em St. Gallen, na Suíça, Maurer afirma que a Cruz Vermelha não trabalha com a hipótese de os combates acabarem tão cedo.

"Por mais duro que seja dizer isso, temo que o conflito vá continuar."

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Folha - O sr. esteve na Síria recentemente?

Peter Maurer - Estive pela última vez em setembro. Mas a Cruz Vermelha tem mais de cem pessoas na Síria.

Qual é o cenário encontrado?

Nós temos testemunhado uma expansão das áreas de conflito. No último verão, os combates ainda estavam limitados a determinadas áreas, mas hoje quase não há nenhum lugar que esteja livre deles.

Há muitas pessoas desalojadas, algumas dentro do próprio país, outras no exterior. Como suas casas foram destruídas, não podem voltar e não têm mais uma base econômica para sobreviver.

A necessidade de ajuda humanitária cresceu. Expandimos nossas operações, mas é difícil e perigoso chegar a todas as partes da Síria.

Como vocês operam?

Nossa operação se dá a partir de Damasco, onde fica nosso quartel-general. Trabalhamos com comboios e tentamos alcançar todas as partes da Síria para apoiar as unidades locais do Crescente Vermelho [versão islâmica da entidade] ou estabelecer uma própria operação de fornecimento de comida, saneamento e serviços médicos. É um desafio constante, pois precisamos passar pela linha de frente de confrontos e negociar com representantes do Exército e dos rebeldes. Nos últimos dois meses temos tido mais sucesso no alcance de áreas sob domínio rebelde.

Fontes ocidentais têm apontado evidências de uso de armas químicas na Síria. Como uma das poucas instituições internacionais presentes no país, a Cruz Vermelha viu algo que reforce essa suspeita?

Obviamente estamos preocupados sobre a existência, o possível uso e o impacto humanitário de armas químicas. Mas não é nossa tarefa procurá-las, e até o momento não nos deparamos com nenhum sinal delas nas áreas onde estamos ativos. Isso obviamente não significa que essas armas não existam.

Qual é orçamento da Cruz Vermelha para a Síria?

No momento temos cerca de 50 a 60 milhões de francos suíços [R$ 100 a R$ 120 milhões] anuais. Mas isso vai aumentar bastante com a revisão orçamentária. É provável que dobre.

Essa revisão significa que vocês não veem perspectiva de o conflito chegar ao fim logo?

Mesmo que o conflito terminasse amanhã, ainda teríamos muita necessidade de ajuda humanitária. Construímos nossa operação sem a perspectiva de uma solução rápida, mas sim como algo de médio ou longo prazo.

Por mais duro que seja dizer isso, temo que o conflito vá continuar.

A revisão orçamentária é só uma resposta ao que ocorreu nos últimos meses. Em razão da escalada da violência, em maio ou junho já teremos gastado praticamente todo o dinheiro previsto para o ano inteiro.


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