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Dez anos de cativeiro

Vizinho liberta Amanda Berry, que havia pedido socorro, e ela liga para que a polícia solte duas outras mulheres em Cleveland

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

As famílias de Amanda Berry, Georgina DeJesus e Michelle Knight já haviam desistido de tentar saber o que acontecera com elas, desaparecidas há dez anos em Cleveland, no Estado americano de Ohio. Achavam que haviam morrido ou nunca mais seriam vistas. Até que, anteontem, Amanda, 27, foi a primeira a reaparecer.

Ela conseguiu escapar do cativeiro onde estava com as outras duas jovens e saiu para a liberdade. Contou com a ajuda decisiva de um vizinho, Charles Ramsey, que ouviu seus gritos. "Ela chutava a porta e berrava: Fui sequestrada. Estou aqui há muito tempo e quero sair agora'", disse Ramsey a redes de TV locais.

Ramsey correu até a casa e conseguiu arrombar a porta. Quando deu de cara com ele, Amanda tomou uma atitude que o deixou espantado: "Percebi que algo estava errado quando uma menina branca correu para os braços de um negro".

Amanda saiu acompanhada de uma criança de seis anos, que a polícia diz ser sua filha, nascida no período de cativeiro.

Pouco após ter escapado, Amanda ligou para o telefone de emergência da polícia pedindo socorro. A gravação desta conversa, que foi divulgada pelas autoridades, capta sua voz desesperada, tentando explicar que ficara confinada por dez anos.

"Estou aqui e agora estou livre", dizia a jovem.

Georgina, 23, e Michelle, 32, foram liberadas em seguida, com a chegada da polícia."A emoção sentida por todos foi indescritível", disse Stephen Antony, do FBI.

Na noite de anteontem, televisões locais mostravam que a vizinhança foi às ruas aplaudir carros de resgate.

A polícia está em busca de informações sobre os três irmãos que foram presos após o caso ter sido descoberto. Ariel Castro, 52, era o dono da casa. O envolvimento de Pedro, 54, e Onil, 50, ainda não foi esclarecido.

O estado de saúde em que as vítimas foram encontradas não foi detalhado pelas autoridades locais.

Até ontem, as três vítimas não tiveram nenhum contato com a imprensa. A polícia busca evitar esse assédio até que avance a investigação sobre como elas ficaram presas na casa por tanto tempo.

Segundo um policial ouvido pelo jornal "The New York Times", as condições dentro da residência eram, "na melhor das hipóteses, tenebrosas". Ele diz que as jovens só se comunicavam entre si, com a suposta filha de Amanda e com Ariel.

O hospital que as atendeu para realizar exames e apurar sinais de violência sexual informou que elas já estão com suas famílias.

Amanda havia sido vista pela última vez em 2003, saindo da lanchonete Burger King onde trabalhava, também em Cleveland.

Um ano depois, Georgina sumiu quando andava sozinha no caminho da escola.

Segundo o jornal "Daily News", o caso dela traz uma coincidência tétrica: o filho de Ariel Castro, o principal acusado, fez uma reportagem para um jornal local em que entrevistou a mãe de Georgina sobre o sumiço da filha.

Michelle nunca mais fora vista desde 2002, quando um boletim de desaparecimento foi registrado pela família.

ARIEL CASTRO

Durante todo o tempo em que Ariel Castro manteve as jovens em sua casa, a vizinhança não desconfiou de que pudesse haver algo errado. "Esse homem é alguém para quem você olha e não presta atenção. Não parecia haver nada incomum sobre ele", afirmou Charles Ramsey, que socorreu Amanda.

Nascido em Porto Rico, Castro era motorista de um ônibus escolar. Em 2004, policiais bateram à sua porta porque ele havia deixado uma criança sozinha no ônibus. As jovens já estavam presas na casa, mas os agentes aparentemente nada viram de anormal.

De acordo com o jornal "Cleveland Plain Dealer", Castro também foi acusado em 2005 de ter agredido a ex-mulher, Grimilda Figueroa. Mas essa investigação tampouco teria aproximado a polícia do cenário de horror da casa de número 2207 da Avenida Seymour.


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