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Paquistão elegerá premiê sob crise e com ameaças de radicais

Favorito é Nawaz Sharif, que promete acordo com o Taleban

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

Uma ingrata missão aguarda o vencedor das eleições parlamentares de hoje no Paquistão.

O próximo premiê herda um país devastado por infraestrutura precária, corrupção e extremismo sectário.

Num reflexo do caos, a campanha foi tida como a mais sangrenta da história.

Houve ao menos 110 mortos desde abril em atentados atribuídos ao Taleban e outros grupos radicais, que ameaçam manter o banho de sangue por ver na democracia um "sistema de infiéis."

Há três dias, homens armados sequestraram um filho do ex-premiê Yousuf Raza Gilani (2008-2012) durante um comício governista no interior.

Se as pesquisas estiverem certas, o favorito para assumir a tarefa é Nawaz Sharif, conservador que já foi duas vezes premiê. Na mais recente, foi expulso do poder por um golpe militar, em 1999.

Num país de líderes autoritários, Sharif quer protagonizar a primeira transição de dois governos democraticamente eleitos desde a fundação do Estado, há 66 anos.

Ele garante não guardar mágoa das Forças Armadas, que controlam a bomba nuclear do país e orquestram uma política externa pressionada pela tensão com a também nuclearizada Índia e pelo desconfortável alinhamento aos EUA no Afeganistão.

Sharif promete conversar tanto com o Exército quanto com os insurgentes para conter a violência.

Especula-se que ele tenha costurado um acordo com o Taleban, já que sua campanha foi poupada de ataques.

Capitalizando a imagem de bem sucedido empresário, Sharif diz que vai pôr fim aos constantes blecautes que afetam o dia a dia da população e paralisam a indústria.

COALIZÃO

As mesmas pesquisas que dão Sharif como favorito também preveem que seu partido, o islâmico PML, não terá maioria na Assembleia.

Entre os concorrentes mais cotados para uma possível aliança está um nacionalista que várias vezes roubou a cena na campanha: Imran Khan, ex-astro do críquete, esporte mais popular no país.

Espécie de Pelé local, Khan tem apelo populista pela promessa de selar a paz com o Taleban e afastar o Paquistão da influência americana.

Sua campanha voltou a ganhar força depois que ele se feriu ao cair de um palanque, na semana passada.

A crise no país deve reservar ao partido governista, o secular PPP, uma severa derrota. A sigla triunfou em 2008 ao se beneficiar da comoção criada pelo assassinato, no ano anterior, de sua principal figura: a ex-premiê Benazir Bhutto. Mas a maioria dos paquistaneses está descontente com a gestão do país.

Segundo escreveu o analista Anatol Lieven no "Financial Times", a consolidação da democracia no Paquistão está em jogo. "Se a vida dos paquistaneses não melhorar nos próximos anos, há um risco de retorno a soluções autoritárias", disse.


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