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Web ajuda brasileiras a casar com islâmicos

Com ritmo de conversão ao islã mais intenso que o verificado entre os homens, muitas buscam parceiros no exterior

Muçulmanas só podem se casar com adeptos de sua própria religião, regra que não vale para os homens islâmicos

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

A paulistana Cristina Aparecida Fortes, 51, ainda era uma iniciante na religião islâmica quando recebeu um convite de um rapaz muçulmano para adicioná-la em sua página no Facebook, em setembro do ano passado.

A conversa arrastou-se com dificuldade em inglês, já que o novo amigo era do Paquistão. Três semanas depois, recebeu dele um pedido de casamento. A união ocorreu em janeiro.

Juliana Pessoa, 35, convertida em outubro de 2006, conheceu em São Paulo um libanês por meio de um amigo. Dois meses depois, se casaram.

Com ajuda da internet ou mesmo pessoalmente, brasileiras que abraçaram o islã têm encontrado companheiros vindos de outros países, principalmente do Oriente Médio e do norte da África.

"Os muçulmanos brasileiros solteiros estão espalhados pelo país e é raro conhecê-los", diz Juliana. "Eu mesma conheço pouquíssimos."

O ritmo de pessoas recém-convertidas ao islã é mais forte entre mulheres do que entre homens, segundo o xeque Ahmad Mazloum, vice-presidente no Brasil da Wamy, ONG mundial voltada à difusão da cultura islâmica.

Em dez anos, o Brasil "ganhou" quase 8.000 muçulmanos. São 35,1 mil seguidores do islamismo no Brasil, segundo o Censo de 2010 -aumento de 29,1% sobre 2000.

No mesmo período, houve uma queda de 1,4% entre os católicos, maioria no Brasil.

Se o ritmo de novos seguidores é mais intenso entre mulheres, o fato de haver casamento delas com muçulmanos estrangeiros também encontra, em parte, explicação na própria religião.

Segundo Sami Armed Isbelle, da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio, homens podem se casar com islâmicas, mas também com judias e cristãs. Já as mulheres necessariamente devem ter um marido muçulmano.

A internet abriu caminho para um maior contato com estrangeiros, mesmo que o fim não fosse necessariamente encontrar um marido, como ocorreu com Patrícia Dbara, 40, de Ribeirão Preto, no interior paulista.

Casada desde 2009, a conversa com o hoje marido, da Tunísia, surgiu a princípio pela curiosidade que tinha de entender melhor a religião.

O uso da internet nessa aproximação de casais tem ocorrido principalmente nos últimos cinco anos, segundo Abdo Mazloum, secretário-geral da Mesquita do Brasil, a mais antiga do país, fundada na capital paulista nos anos 50. Ele discorda, porém, da impressão de que faltam muçulmanos brasileiros para as mulheres.

Nascer em país muçulmano pode ser uma vantagem para um pretendente a marido, afirma Aisha, como Cristina Fortes prefere ser chamada após sua conversão.

"Em um país 100% islâmico, o respeito para com a mulher e a família é muito maior", diz. "Há brasileiros, não todos, que não levam a religião muçulmana a sério."

A bancária Vanessa Sartore, 32, cujo marido, egípcio, conheceu pessoalmente no Cairo, faz outros elogios.

"Os árabes são muito gentis, educados, talvez como aquele homem à moda antiga, que não há mais. É um ponto que encanta a mulher."

Mas a aproximação com uma cultura tão distinta também envolve riscos, segundo líderes islâmicos. A mulher pode ser enganada por alguém que só quer ganhar um visto para morar no Brasil.


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