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Deficit orçamentário americano deve cair neste ano

Previsão é de US$ 642 bilhões, o equivalente a 4% do PIB, o menor rombo desde 2008 e a metade do de 2009

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

Em meio a uma avalanche de más notícias -perseguição da Receita Federal a membros do Tea Party e monitoramento de jornalistas da Associated Press pelo governo -, o presidente Barack Obama sequer conseguiu comemorar a projeção de queda acelerada no deficit do Orçamento do país.

Deve fechar o ano em US$ 642 bilhões (4% do PIB), o menor desde 2008 e metade do deficit de 2009 (10,1% do PIB), segundo as estimativas do Congressional Budget Office (escritório orçamentário do Congresso) divulgadas nesta semana. É uma queda muito maior do que anteriormente se projetava.

A queda no deficit não vem dos US$ 85 bilhões em cortes de despesas obrigatórios decorrentes da falta de acordo no Congresso para reduzir gastos e nem dos aumentos de impostos adotados pelo Legislativo -essas medidas já estavam incorporadas pelo CBO em suas previsões.

O CBO reduziu a estimativa de deficit por causa do aumento na arrecadação de pessoas físicas e empresas, e maior pagamento das gigantes de hipoteca Fannie Mae e Freddie Mac ao governo -as agências foram resgatadas durante a crise financeira.

Mas economistas advertem que a revisão do deficit não é uma notícia tão boa quanto alardeiam alguns políticos. Segundo Gregory Daco, economista sênior especializado em EUA da IHS Global Insight, o pagamento da Fannie e Freddie ao Tesouro e a alta da arrecadação não são eventos que vão se repetir.

"Fannie e Freddie não vão voltar a pagar esses montantes ao Tesouro, e a arrecadação mais alta ocorreu porque muitos contribuintes resolveram adiantar seus pagamentos de impostos, temendo do fim das reduções", disse Daco à Folha. "São revisões técnicas, não há muito o que comemorar, não se pode dizer que esses números comprovam que as medidas de austeridade estão funcionando."

Com a revisão da dívida, os EUA atingirão o teto do endividamento em setembro ou outubro, em vez de agosto.

No médio prazo, não há motivos para otimismo, diz Daco. Segundo o CBO, o deficit vai encolher para 2,1% em 2015, mas, nos próximos anos, voltará a subir, chegando a 3,5% do PIB em 2023.

O envelhecimento da população, que vai elevar os custos de Previdência e saúde, e o aumento no pagamento de juros sobre a dívida são os principais motivos para que o deficit volte a subir.

A dívida pública deve cair de 76% do PIB em 2014 para 71% em 2018, mas volta a subir e chega a 74% do PIB em 2023, segundo o CBO. Em 2007, a relação dívida/PIB nos EUA era 37%.

"Apesar da melhora nas projeções de curto prazo do deficit, os legisladores não podem deixar de abordar a trajetória de longo prazo da dívida pública com um plano bipartidário de orçamento", declarou Maya McGuineas, presidente do o Comitê para um Orçamento federal Responsável.

"Esse endividamento alto e crescente na próxima década terá sérias consequências negativas. Quando as taxas de juros retornarem a níveis normais (mais altos), os gastos do governo com juros vão aumentar substancialmente", alerta o CBO.


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