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Apesar de tornados frequentes, Moore tem poucos abrigos

Moradores dizem não ter dinheiro para fazer porões; cidade americana pode aprovar lei exigindo construção

Habitantes mostram resignação com tantos tornados na região: "Viver neste lugar é estar sujeito a isso"

JOANA CUNHA ENVIADA ESPECIAL A MOORE (EUA)

Tornados fazem parte da história de Moore, pequena cidade de 56 mil habitantes vizinha a Oklahoma City. Nos últimos quinze anos, foram quatro. Mesmo diante de um fenômeno tão frequente, há poucos abrigos de emergência, normalmente porões com paredes reforçadas.

Não há números oficiais, mas Mike Hancock, da empresa Basement Contractors, que constrói abrigos, disse à rede de TV CNN que "menos de 1% das casas de Moore" possuem essa proteção. A falta de dinheiro e até uma certa resignação com a habitual passagem dos tornados estão entre as possíveis causas.

"Eu paguei US$ 4.900 para colocar um na minha casa há dois anos e lá só cabem 12 pessoas. Para uma escola, colocar um enorme custa mais caro. Muitos não podem pagar", diz Sara Welch, na frente de uma pilha de brinquedos sujos retirados dos escombros de uma creche onde, segundo ela, as professoras conseguiram proteger as crianças sob seus corpos e as mesas disponíveis.

O prefeito de Moore, Glenn Lewis, disse ontem que tentará aprovar uma lei "o quanto antes" exigindo que as novas residências tenham espaços de emergência contra tornados. No entanto, Lewis não deixou claro se o poder público ajudaria os moradores a financiar a construção.

"É verdade que faltam abrigos. O governo deveria nos auxiliar. Eu mesma não tenho, mas tive tempo de correr para o dos meus vizinhos", disse a moradora Amanda Laughlin.

As duas escolas primárias mais atingidas pelo tornado não possuíam abrigos no porão nem cômodos reforçados. Sete das 24 vítimas da tragédia eram estudantes da escola Plaza Towers.

CONFORMISMO

A maneira como muitos moradores de Moore encaram os tornados também revela um certo fatalismo.

"Não tem muito o que fazer. Viver neste lugar é estar sujeito a isso", afirmou a moradora Renee Davis, que ao menos tem porão em casa.

"Nós sabemos [dos riscos], mas nunca achamos que vamos ser atingidos", disse Janet Bivens, cujo marido foi obrigado a se esconder dentro de um armário durante o tornado.

Mesmo entre os que podem correr para um abrigo, há quem trate o tornado quase como uma diversão perigosa.

Michaela Mesa, que na manhã de anteontem encontrou seu carro a mais de 50 metros de onde o havia estacionado, descreveu como ela e seus colegas de escritório reagiram ao ver os ventos de até 320 km/h se aproximarem. "Corremos até a janela para ver e fiquei tirando fotos. Só descemos para o porão quando percebemos que ele já estava perto da nossa direção."


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