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Drone matou chefe taleban, diz Paquistão
Número dois do grupo, Wali-ur Rehman, estaria entre as cinco vítimas de ataque dos EUA com avião não tripulado
Ação ocorre dias após Casa Branca prometer reduzir operações com drones; Paquistão vê violação à soberania
Um ataque com drone (avião não tripulado) matou o vice-líder do Taleban paquistanês, Wali-ur Rehman, na madrugada de ontem, segundo dois funcionários do governo do Paquistão.
Se confirmado, é um golpe potencialmente sério contra uma insurgência que já matou milhares de pessoas no país e incentivou ataques islâmicos nos Estados Unidos.
Sob anonimato, os funcionários paquistaneses afirmaram que Rehman foi um dos cinco mortos quando mísseis disparados por um drone atingiram uma casa nos arredores de Miram Shah, a cidade principal do distrito tribal de Waziristão do Norte.
O porta-voz oficial do Taleban, Ehsanullah Ehsan, disse não ter informações sobre o ataque. "Não nego nem confirmo", falou por telefone, de local não revelado. Um comandante do grupo extremista, porém, confirmou a morte de Rehman, sob anonimato e também por telefone.
É difícil confirmar as identidades dos mortos em ataques com drones, porque as áreas tribais, remotas, são inacessíveis a jornalistas estrangeiros e à maioria da imprensa local. Mas as várias fontes que confirmaram o ataque, entre oficiais e militantes, sugeriram que o número dois morreu.
Moradores de Miram Shah contatados por telefone disseram que o ataque ocorreu por volta de 3h e atingiu uma casa no vilarejo de Chashma Pull. Um morador local contou que, pouco depois, três picapes transportando combatentes chegaram ao local às pressas para buscar corpos e procurar militantes feridos.
Um funcionário da administração tribal no Waziristão do Norte disse que os militantes usavam a casa alvejada para reuniões e jantares.
SOBERANIA
O ataque aconteceu dias depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, ter anunciado mudanças nas operações do país com drones no exterior e uma semana antes da posse prevista de Nawaz Sharif, cujo partido venceu as recentes eleições no Paquistão, como premiê.
Na campanha, Sharif disse que pretendia iniciar negociações "sérias" com os EUA para pôr fim aos ataques, que, segundo o Paquistão, violam sua soberania.
Desde 2004, a CIA já lançou cerca de 360 ataques com drones no Paquistão, mas a frequência se reduziu muito neste ano, quando o programa de drones foi submetido a revisão nos EUA.
Ontem, um porta-voz da Chancelaria paquistanesa expressou "preocupação grave" com o ataque, que classificou de "contraproducente".