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Turquia pede desculpas por violência e promete diálogo

Repressão policial a protesto gerou revolta, que já tem saldo de dois mortos

Primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan é visto por alguns setores da sociedade como muito conservador

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

O vice-premiê da Turquia, Bülent Arinç, desculpou-se ontem pela repressão policial às manifestações no país e afirmou que se encontraria com as lideranças responsáveis pela onda de protestos, para discutir suas demandas.

Mais cedo ontem, havia sido confirmada pelo governo a segunda morte durante os levantes --Abdullah Comert, 22, atingido por um disparo na província de Hatay, próxima à fronteira com a Síria.

Comert era membro da oposição turca. Não está claro quem foi o autor do disparo, que o atingiu na cabeça.

Na noite de domingo, um rapaz de 20 anos foi morto quando um carro dirigiu rumo à multidão durante protesto contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

A Turquia assistia ontem a seu quinto dia consecutivo de manifestações. A revolta foi iniciada quando uma multidão protestou contra a construção de um complexo comercial na região de Taksim, no centro de Istambul.

Após repressão policial, a manifestação rapidamente voltou-se contra o governo de Erdogan, visto por setores seculares como muito conservador. Recentemente, por exemplo, foi aprovada restrição à venda de álcool no país.

"Como todos os protestos da região, esse começou com algo pequeno e esotérico", diz à Folha Anat Lapidot-Firilla, professora de relações internacionais da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Ela aponta que a região, tradicionalmente "kemalista" (partidária das ideias de Mustafá Kemal Atatürk, considerado o pai da república turca), respondeu com força ao projeto do complexo.

Os planos, segundo Lapidot-Firilla, resumem três das principais críticas dos seculares ao governo de Erdogan. Ao construir um shopping caracterizado como um quartel otomano e uma mesquita, o país mistura questões como dinheiro, pensamento imperialista e religião.

"Os manifestantes acreditam que a construção força esses valores na população, e eles não vão aceitar isso."

Essa é, para o turco Ali Ozgur, também uma "questão urbana". Ele faz parte do projeto Urbanmayor, que registra questões problemáticas como construções ilegais e restrições ao movimento de deficientes físicos na cidade.

Ozgur nota, porém, que as manifestações não têm necessariamente o intuito de derrubar o governo. "Não é como a Primavera Árabe."

"Não queremos que vire uma crise democrática. O que precisamos é de participação pública na tomada de decisão e de mais diálogo."


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