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Ex-assessor defende respeito à privacidade

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Alec Ross, 41, deixou o cargo de assessor para inovação do Departamento de Estado americano, onde ficou por quatro anos, em 11 de março. Antes, havia sido peça-chave na campanha que elegeu Barack Obama em 2008.

Passados três meses, Ross não esconde a crítica aos ataques que o governo Obama faz à privacidade. "Precisamos ser autocríticos", disse à Folha, durante visita a São Paulo, questionado sobre o monitoramento telefônico de usuários da Verizon.

No governo, ele era responsável por fazer a ponte entre a diplomacia e empresas de tecnologia.

Folha - Há muitas críticas ao desrespeito à privacidade em ações do governo dos EUA. O caso mais recente envolve a Verizon...

Alec Ross - Sim, eu sei.

O sr. identifica um problema?

Sim. Penso duas coisas. Primeiro, há 196 países no mundo, e os EUA estão entre os cinco mais livres. Mas precisamos ser muito autocríticos. Conforme a tecnologia se torna mais sofisticada, fica mais fácil examinar dados de todas as pessoas. São ferramentas fortes para o fortalecimento do indivíduo, mas também podem ser usadas para oprimir.

É importante que não deixemos a tecnologia tomar a frente dos nossos valores. Temos de reconciliar nossos valores com a tecnologia. E, neste momento, tem havido uma reconciliação muito difícil entre valores e tecnologia. Isso está se provando um problema para governos ao redor do mundo.

Um problema que vai crescer.

Que só vai crescer. Tenho três filhos, de seis, oito e dez anos. Eles vão crescer num mundo com muito menos privacidade. Fico contente de não ter existido Facebook quando estive na faculdade, onde me diverti muito. Mas os garotos de hoje vão crescer com suas vidas sendo gravadas. Isso é preocupante para mim, como líder de políticas públicas e como pai.

Moisés Naím, colunista da Folha, relativiza a importância da mídia social na Primavera Árabe. O sr. concorda?

Tenho escrito bastante sobre isso. Foram cinco os principais condutores da revolução: falta de oportunidades econômicas e de participação democrática, raiva contra a corrupção e contra as famílias no poder e o alto preço dos alimentos.

A mídia social fez três coisas: acelerou os movimentos; enriqueceu o ambiente de informação, tornando mais difícil sufocar o que acontecia; e facilitou redes sem líderes. A internet não foi uma das razões da revolução, mas suas ferramentas foram instrumentos dela.

O sr. vê o mesmo quadro nos protestos na Turquia?

[O primeiro-ministro Recep] Erdogan comete os mesmos erros. Ele precisa entender que, se tentar conter o fluxo de informação, será alvo da raiva de seu povo.

Erdogan tem mais de 2 milhões de seguidores em sua conta no Twitter, mas segue zero. Líderes mais velhos não compreendem que os jovens acreditam ter o direito de usar essas ferramentas como quiserem. Se um velho líder diz, "não, vocês não podem", tudo o que consegue é a raiva de uma geração inteira.


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