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Ex-técnico da CIA revelou monitoramento dos EUA

Autor dos vazamentos quis divulgar identidade ao jornal inglês 'Guardian'

Edward Snowden afirma não ter medo das consequências: "Sei que não fiz nada de errado", disse

GLENN GREENWALD DO "GUARDIAN"

O indivíduo responsável por um dos vazamentos de informações mais importantes na história política dos Estados Unidos se chama Edward Snowden, 29.

Ex-assistente técnico da CIA (agência central de inteligência dos EUA) e atual funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalha para a NSA (Agência Nacional de Segurança) há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo.

Após dias de entrevistas, o "Guardian" divulga sua identidade a pedido do próprio Snowden. A partir do momento em que decidiu levar a público documentos ultrassecretos, resolveu não optar pelo anonimato. "Não tenho nenhuma intenção de ocultar quem sou, porque sei que não fiz nada de errado."

Snowden entrará para a história como um dos denunciantes cujos atos tiveram as maiores consequências nos círculos de poder dos EUA, ao lado de Daniel Ellsberg (que trouxe a público os Papéis do Pentágono, sobre a Guerra do Vietnã, em 1971) e Bradley Manning (responsável por vazar informações confidenciais do governo americano ao WikiLeaks, em 2010).

Numa nota que acompanhou o primeiro conjunto de documentos que ofereceu, Snowden escreveu: "Estou ciente de que serei punido por meus atos". "Me darei por satisfeito se a aliança entre leis secretas, perdões desiguais e poderes executivos irresistíveis que rege o mundo que amo for revelada publicamente, nem que seja por um instante".

Apesar de sua determinação de se apresentar, Snowden insistiu que quer evitar tornar-se alvo da mídia. "Não quero que o assunto seja eu, mas o que o governo americano vem fazendo."

Ele disse que não tem medo das consequências de revelar sua identidade --teme apenas que, ao fazê-lo, desvie o foco das questões levantadas por suas denúncias.

Snowden afirmou que não poderia, "com a consciência tranquila, permitir que os EUA destruam as liberdades fundamentais de pessoas em todo o mundo". "Nós hackeamos todo mundo em qualquer lugar."

Três semanas atrás, Snowden fez os preparativos finais para o vazamento. No escritório da NSA no Havaí, onde estava trabalhando, copiou o último conjunto de documentos que pretendia divulgar.

Em seguida, avisou seu supervisor na NSA que precisava se afastar do trabalho por "duas semanas" para receber tratamento contra epilepsia, um problema que ele descobriu ter depois de sofrer convulsões no ano passado.

Enquanto fazia as malas, disse à namorada que teria de viajar, sem dizer o porquê. "Não foi um fato incomum para alguém que passou os últimos dez anos trabalhando no mundo da inteligência", disse.

Em 20 de maio, embarcou para Hong Kong, onde permanece desde então em um hotel. Snowden escolheu a cidade porque seus habitantes "são engajados com a liberdade de expressão e o direito à dissensão política". Ele acredita que seja um dos poucos lugares no mundo que podem resistir aos ditames do governo americano.

Os EUA podem iniciar um pedido de extradição contra Snowden. Ou o governo chinês o poderia levar embora para ser interrogado, enxergando-o como útil fonte de informações. Ou, ainda, pode acabar colocado à força num avião rumo a território americano. "Todas as minhas opções são ruins", disse Snowden. Ele planeja pedir asilo "em um país com valores que compartilho" e citou a Islândia como opção.


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