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Obama promete a redução de arsenal nuclear em um terço
Em Berlim, presidente dos EUA diz que negociará para convencer a Rússia a fazer o mesmo com suas armas
Com discurso num dos símbolos da Guerra Fria, Obama tenta recuperar credenciais pacifistas; Moscou exibe ceticismo
O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu ontem, em Berlim, reduzir em até um terço o arsenal nuclear americano. Na cidade-símbolo da Guerra Fria, ele disse que abrirá negociação para que a Rússia faça o mesmo com as armas herdadas da antiga União Soviética.
"Nós podemos não viver mais sob o medo da aniquilação global, mas enquanto as armas nucleares existirem, não estaremos seguros de verdade", afirmou Obama, no Portão de Brandemburgo, um dos marcos de Berlim.
Em fala dirigida à comunidade internacional, ele se comprometeu a buscar "um mundo sem armas nucleares, não importa o quanto este sonho pareça distante".
O discurso foi feito num momento em que o presidente tenta recuperar suas credenciais pacifistas e enfrenta queda de popularidade nos EUA e no exterior.
O desgaste é causado principalmente pelo escândalo de espionagem na internet. Mas ele também é alvo de críticas por não cumprir promessas no campo da paz, como o fim da Guerra do Afeganistão e o fechamento da prisão de Guantánamo.
Ontem, Obama prometeu buscar "cortes negociados" com os russos para que os arsenais nucleares dos dois países recuem a níveis anteriores aos da década de 1950.
Ele apresentou a proposta como um passo além do novo tratado Start, de 2010, em que EUA e Rússia já se comprometiam com cortes expressivos das armas.
A promessa foi recebida com ceticismo em Moscou. O presidente russo, Vladimir Putin, disse ser a favor do desarmamento, mas criticou indiretamente o plano americano de aumentar sua proteção antimísseis na Europa.
Cinco anos após ser aclamado por 200 mil berlinenses como candidato da mudança nos EUA, Obama tentou passar a imagem de que se mantém fiel às bandeiras progressistas da campanha.
Ele renovou a promessa de fechar Guantánamo, enquanto a polícia impedia que manifestantes vestidos com os uniformes laranjas do presídio se aproximassem dele.
Ele disse que os americanos devem abandonar a ideia de uma "guerra perpétua".
Numa referência à decisão de enviar ajuda militar a rebeldes na Síria, o presidente sugeriu que os EUA continuarão a "estender a mão" a quem "luta pela liberdade".
"Nós não podemos ditar o ritmo das mudanças em lugares como o mundo árabe, mas devemos rejeitar a desculpa de que não podemos fazer nada para apoiá-los."
Ele ainda prometeu restringir o uso de "drones", as aeronaves não tripuladas usadas em ações antiterror.
No antigo cenário do Muro de Berlim, Obama afirmou que agora é preciso derrubar outros tipos de muro e pregou o fim da discriminação a imigrantes e homossexuais.
O pronunciamento coincidiu com os 50 anos do discurso histórica do ex-presidente John F. Kennedy.
Obama fez diversas referências a Kennedy, mas não repetiu seus momentos de interação com os berlinenses. Só circulou em áreas isoladas pela polícia, que fechou boa parte do centro da capital alemã para a visita. Mesmo diante de uma plateia de cerca de 4.000 convidados, o presidente não discursou exatamente ao ar livre. Ficou numa espécie de aquário, atrás de vidros à prova de balas.