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Análise

Snowden perdeu a era dourada dos fugitivos internacionais

DUNCAN CAMPBELL DO "GUARDIAN"

Talvez Edward Snowden tenha outras coisas em mente hoje, e não o 50º aniversário do grande assalto ao trem no Reino Unido, que chegará em algumas semanas.

Mas os acontecimentos daquela madrugada de 8 agosto de 1963, que em breve serão celebrados por uma inundação de programas de TV e novas edições de memórias, têm grande relevância para um homem foragido e ilustram bem como a vida mudou para os praticantes da arte da fuga em meio século.

Hong Kong, Moscou, Havana, Caracas, Quito --as etiquetas de bagagem para os destinos reais ou projetados de Snowden parecem exóticas. Paris, Acapulco, Austrália, Brasil e Canadá têm quase o mesmo ar de glamour, e foram os lugares onde três dos principais responsáveis pelo assalto ao trem --Ronald Biggs, Bruce Reynolds e Charlie Wilson-- conseguiram se manter escondidos por muito tempo antes que o acaso ou problemas de saúde os apanhassem.

Mas a relativa facilidade com que Biggs, por exemplo, conseguiu começar vida nova na Austrália com sua família, depois de uma rápida passagem por Paris para uma cirurgia plástica, mostra como se tornou mais difícil desaparecer hoje em dia.

Há dois problemas principais para Snowden: a internet e o ciclo de notícias atualizadas 24 horas por dia. Há 50 anos, a expectativa de um homem em fuga era de que sua foto aparecesse por um ou dois dias nos jornais de seu país e depois saísse de circulação. O resto do mundo pouco interesse teria nele.

Agora, a imagem de Snowden foi transmitida ao mundo inteiro e está disponível para qualquer um, na China, Rússia ou América Latina.

A cobertura incansável e constante de grandes acontecimentos, tanto pelos canais de notícias de TV a cabo quanto pelos sites dos jornais, significa que a imagem dele está percorrendo o planeta a cada segundo. Os foragidos tampouco podem ter esperança de que a perseguição um dia seja abandonada.

No funeral de Bruce Reynolds, semanas atrás, Ronald Biggs ergueu dois dedos em alegre saudação aos fotógrafos presentes.

Ele conseguiu escapar das autoridades durante três décadas porque teve um filho no Brasil (na época, a lei brasileira não permitia a extradição do pai de uma criança nascida no país).

Edward Snowden deve estar lamentando que a vida atual não seja tão simples.


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