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Clérigo do Vaticano é preso por lavagem de dinheiro
Nunzio Scarano é acusado de tentar repatriar ilegalmente mais de R$ 56 mi
Acusado de corrupção no Banco do Vaticano, religioso traria dinheiro da Suíça em avião; mais dois foram presos
Um membro da Santa Sé ligado ao Banco do Vaticano foi preso ontem pela polícia em uma paróquia de Roma.
Nunzio Scarano, 61, é acusado de tentar repatriar ilegalmente € 20 milhões (cerca de R$ 56,85 milhões).
Também foram presos um agente do serviço secreto italiano e um operador financeiro. Eles ajudariam Scarano a trazer a quantia da Suíça para a Itália em um avião particular sem prestar contas às autoridades e ao fisco do país.
Não está claro se o Vaticano colabora com as investigações ou se elas decorrem de denúncias da própria Igreja.
O caso abala ainda mais a imagem do Banco do Vaticano, que nesta semana comunicou decisão do papa Francisco de auditar suas contas.
Antes chamado IOR (Instituto para Obras da Religião), o banco abriga contas de religiosos, grupos católicos, empregados e diplomatas. Porém, acumula acusações de corrupção e de abrigar dinheiro de políticos e empresários. A Igreja diz que a entidade é necessária para viabilizar operações no mundo.
O banco declarou, em 2012, € 7,1 bilhões (R$ 20,18 bilhões) em ativos --a maioria investida em títulos de governos-- e lucro de € 86,6 milhões (R$ 246,16 milhões).
Scarano liderou um departamento do Vaticano conhecido por Administração do Patrimônio da Sé Católica. Ele foi suspenso em maio, quando passou a ser investigado em outro caso de corrupção.
Segundo a acusação, em julho de 2012 Scarano teria procurado Giovanni Zito, do serviço secreto, e pedido ajuda para repatriar ilegalmente valores em bancos suíços.
Também preso ontem, o operador financeiro Giovanni Carenzio teria atuado como agente fiduciário (espécie de fiador) dos bancos.
Responsável pelo caso, o juiz Nello Rossi diz que o plano era trazer € 40 milhões.
Um avião particular chegou a ser fretado e enviado de Roma a Locarno, na Suíça, de onde voltou sem o dinheiro. Para o juiz, o motivo da desistência foram desentendimentos entre os envolvidos.
Mesmo assim, Zito teria cobrado sua parte no negócio e recebido dois cheques de Scarano no total de € 600 mil.
Segundo Rossi, os celulares usados pelos suspeitos foram queimados. "Estamos tentando determinar a origem do dinheiro", disse.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou que a instituição está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação, mas ainda não havia sido solicitada.
Em outro caso, o Vaticano concordou ontem em investigar o cardeal escocês Keith O' Brien, que renunciou no início do ano após ser acusado de pedofilia.