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Linha-dura e esquerdista moderada polarizam o Chile

Ultraconservador Longueira e socialista Bachelet venceram primárias

Apesar de país ter bons índices de crescimento, governo terá problemas na eleição presidencial marcada para novembro

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

Um modelo de esquerda latino-americana moderada e o discurso do crescimento econômico devem ser as principais bandeiras polarizadoras de votos nas próximas eleições chilenas, segundo analistas.

Depois da vitória de Michelle Bachelet, da Concertação, nas primárias do último domingo, com 73% dos votos, e da consolidação da candidatura do ultraconservador Pablo Longueira (UDI), pela direita, o debate sobre os dois modelos a serem seguidos pelo Chile depois do pleito de novembro deve causar um racha nos partidos menores.

"Há uma radicalização à esquerda por parte de Bachelet, que terá de ser habilidosa para chamar o voto tanto da democracia cristã quanto dos socialistas", diz o analista político Guillermo Hollzman.

Já Longueira representa a escolha mais à direita possível entre os candidatos conservadores, tendo ganhado, inclusive, do preferido do presidente Sebastián Piñera, Andrés Allamande.

"O prestígio do presidente está em baixa, e com isso o lugar que seria ocupado por um sucessor seu acaba sendo tomado por alguém que promete o mesmo desempenho econômico, mas linha mais dura com relação à segurança e à administração de crises", diz Fernando García-Naddaf, da Universidade Diego Portales.

Durante a gestão Piñera, o Chile alcançou invejáveis índices, com um crescimento de 4% e taxas de desemprego caindo consideravelmente. Tal desempenho, porém, não garantiu popularidade nem continuidade a Piñera, que hoje tem menos de 30% de aprovação popular.

Naddaf chama a atenção para o desempenho do candidato independente Marcel Claude, do partido Humanista. Com um discurso que pretende abarcar o clamor das ruas, Claude tem ganhado a preferência dos jovens e estudantes que desde 2011 têm saído às ruas por melhores condições de acesso à educação.

"É um azarão, correrá por fora, mas tem como roubar votos a Bachelet e fazer a crítica à sua atuação por meio da própria esquerda", diz Naddaf.

Quanto à estratégia da ex-presidente, o estudioso diz que tem buscado um modelo que seja uma combinação dos discursos de Rafael Correa e de Dilma Rousseff. "A identificação com uma esquerda mais responsável representada pela presidente do Brasil ela já possuía. Agora, quer atingir a nova classe média, mais ou menos o mesmo eleitorado que segura, no Equador, a gestão Correa", resume.

O Brasil, acrescenta, vem sendo modelo também para as recentes manifestações que ganharam as ruas de Santiago às vésperas da votação de domingo. "Causou muito boa impressão o fato de que Dilma apressou-se a fazer anúncios depois dos protestos", conclui Naddaf.


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