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Brasil ignora solicitação de asilo de delator americano
Itamaraty afirma que não pretende analisar o pedido de Edward Snowden
Ex-agente, que revelou esquema de espionagem dos EUA, fez o mesmo pedido a 21 países; ele está em aeroporto russo
O governo brasileiro decidiu não responder ao pedido de asilo feito pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, que revelou um esquema de espionagem de telefones e internet pelos EUA. O Brasil foi um dos 21 países aos quais Snowden pediu asilo ontem.
Na prática, a decisão equivale a uma negativa à solicitação, apesar de o Itamaraty sustentar que "sequer considerará o mérito do pedido".
"O Brasil não vai reagir à carta com pedido de asilo. O pedido circulou em carta genérica. A concessão de asilo não é feita de modo automático. O cidadão sequer está em uma embaixada do Brasil", disse o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes. A mensagem com a solicitação chegou por meio de fax.
Snowden está na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, desde o último dia 23, quando deixou Hong Kong. Tecnicamente, ele não está a cargo das autoridades russas, porque não chegou a passar pelo controle de passaportes para entrar no país.
Sua extradição é pedida pelos EUA, que o acusam de roubo, transferência de propriedade do governo e espionagem, o que pode lhe render até 30 anos de prisão.
Três países já descartaram a solicitação: Polônia, Noruega e Índia. Pelo menos sete --Áustria, Equador, Espanha, Finlândia, Irlanda, Islândia e Suíça-- argumentaram que o pedido deve ser feito em "solo" do país (numa embaixada ou já dentro de seu território). China e França negaram ter recebido o pedido, enquanto outros como Cuba, Itália e Venezuela, não deram uma resposta.
A Rússia foi descartada pelo próprio Snowden, depois de já ter pedido asilo. O ex-técnico desistiu depois de ter sido informado sobre as "condições necessárias" para ficar na Rússia.
O governo exige que ele abandone "as atividades que têm como objetivo prejudicar" os EUA.