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Presidente interino é empossado e islamitas sofrem cerco no Egito

Adly Mahmud Mansur promete "corrigir a revolução" após golpe contra Mohammed Mursi

Líderes da Irmandade são perseguidos; haveria até 300 pedidos de prisão contra aliados do presidente deposto

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Em meio à perseguição a líderes do grupo islâmico Irmandade Muçulmana, o ex-presidente da Suprema Corte Constitucional do Egito Adly Mahmud Mansur foi jurado ontem como presidente interino do país.

Ele substitui, assim, o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, Mohammed Mursi, deposto anteontem em um golpe militar.

O islamita foi retirado do poder pelo Exército após milhões terem ido às ruas, durante a semana, pedir por eleições antecipadas.

Ele encontra-se detido pelas Forças Armadas e impedido de sair do país por "insulto ao poder Judiciário". Em discurso recente, havia acusado magistrados de serem resquícios do regime do ex-ditador Hosni Mubarak.

A Irmandade, organização à qual Mursi é ligado, recusa a transição política e denuncia um golpe de Estado.

Em seu discurso de posse, Mansur afirmou que usará o poder para "consertar e corrigir a revolução", numa referência à onda de revoltas que derrubou Mubarak em fevereiro de 2011 e abriu espaço para a eleição de Mursi.

Está previsto que sejam organizadas eleições presidenciais e parlamentares no país, após um período de transição indeterminado.

O presidente interino convidou a Irmandade Muçulmana ao diálogo. Membros do grupo, porém, afirmam sofrer perseguição pelo governo interino. Além de Mursi, ao menos oito islamitas estão detidos pelo Exército. Haveria, segundo relatos, ordens de prisão para outros 300 integrantes do grupo. Parte da liderança estaria incomunicável.

"É um golpe militar", diz Gehad el-Haddad, porta-voz da Irmandade Muçulmana. "O fato de ter um rosto civil não torna a situação melhor."

Ele confirma à Folha a detenção de Mursi, sobre o qual há boatos de ter sido levado ao Ministério da Defesa, e afirma que houve conflitos nos bairros islamitas após o anúncio da deposição. Os confrontos, diz, foram provocados pela oposição.

"Tudo indica que estamos indo de volta à era da repressão. Nós não somos estúpidos para acreditar na capacidade da polícia de nos defender", diz Haddad. Durante o regime de Mubarak, o grupo era proibido de exercer atividades políticas.

Ontem, a Promotoria pediu a prisão do guia espiritual da entidade, Mohamed Badie, e de seu número dois, Khairat al-Shater. Eles são acusados pelos militares de incitar a violência.

"O Exército quer desmontar a máquina política da Irmandade porque tem medo de que nós sejamos eleitos de novo, caso participemos da eleição", diz o porta-voz.

Haddad falou à reportagem nos arredores da mesquita de Rabia al-Adawiya, que se tornou quartel general de militantes e simpatizantes da Irmandade.

Homens com capacetes de construção e pedaços de pau fazem as vezes de segurança.

"Não vamos sair daqui até que Mursi seja o presidente de novo", diz Amal Hassan. Coberta pelo véu islâmico, a apoiadora de Mursi pergunta: "Onde estão os países que dizem defender a democracia? Por que estão calados?"

Para outro simpatizante, Mahmud Ali, o golpe que depôs Mursi é uma "contrarrevolução".

"Até agora, temos nos mantido pacificamente. Mas, se nos atacarem, vamos nos defender."


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