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Mali realiza eleição após intervenção ocidental

Em janeiro, França liderou operação contra grupo islâmico no país africano

Ameaça de radicais ligados à Al-Qaeda na região ainda preocupa; malineses sofrem com a crise política e econômica

XAN RICE DO "FINANCIAL TIMES", EM BAMACO

O Mali realiza hoje uma das mais importantes eleições presidenciais da sua história, crucial à estabilidade da região.

O pleito vem seis meses após a França liderar ação militar para expulsar militantes ligados à Al Qaeda que haviam ocupado 60% do território.

A ação islâmica e o golpe de 2012 que precedeu a tomada pelo Exército derrubaram o país ao ponto mais baixo desde a independência, em 1960.

A pressa para a eleição é demanda da França, de quem o Mali era colônia, que mira substituir o governo interino por um que resista à ameaça da Al-Qaeda antes de retirar seus três mil soldados que continuam no país.

Os Estados Unidos também defendem a eleição, pois suas leis proíbem ajuda a governos não democráticos. Porém, entidades como o International Crisis Group e políticos questionam a capacidade do país para uma eleição. Votar em algumas áreas do norte, especialmente na faixa de domínio do povo tuaregue, pode ser difícil.

O registro de novos eleitores tem problemas, assim como a distribuição de títulos aos 6,8 milhões já registrados. Além disso, mais de 400 mil malineses permanecem desabrigados no país ou refugiados em nações vizinhas.

"Não estamos prontos. Fomos pressionados a fazer esta eleição", disse Soulemayne Drabo, diretor do "L'Essor", jornal do governo. "Mas é um começo para resolver a crise."

A disputa está fracionada, com 27 candidatos, muitos deles políticos veteranos. Os dois mais cotados são vistos como seguros, mas não inspiradores, tanto no país quanto fora.

O favorito é Ibrahim Boubacar Keita, antigo premiê e segundo na eleição de 2007. Ele parece ter apoio nas ruas da capital, Bamaco, e mantém boa relação com a França.

Isso também vale para Soumaila Cissé, seu principal rival. Economista que presidiu a União Econômica e Monetária da África Ocidental, ele foi o segundo na eleição de 2002.

Se nenhum candidato obtiver 50% dos votos --o que parece provável--, um segundo turno será disputado em 11 de agosto. Eleições legislativas ocorrerão no fim do ano.

Hamidou Magassa, antropólogo, economista e poeta que comanda um instituto de pesquisa, crê que as duas décadas de democracia tenham sido maculadas por corrupção e pela influência francesa.

A população parece pensar como ele. Nas quatro últimas eleições, o comparecimento às urnas variou de 21% a 39%.

Quem vencer terá imensa tarefa. Os soldados franceses, com ajuda de forças africanas da ONU, impediram que os rebeldes islâmicos se reagrupassem. Porém, o Exército ainda é frágil e não se conhecem os planos da antiga junta militar.

A relação entre Bamaco e os separatistas tuaregues, cuja rebelião no início de 2012 abriu caminho à crise, é tensa. A economia caiu 1,1% em 2012, depois de crescer entre 2,7% e 6,1% nos oito anos anteriores. Para os jovens, a frustração é enorme. "Não há empregos, mesmo com diploma", diz Ibrahim Maga, 23. "Precisamos mudar."


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