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Cristina é acusada de violar lei eleitoral
Promotoria argentina apura denúncia da oposição de que presidente vai a eventos públicos em período pré-eleitoral
Cristina inaugurou obra feita com dinheiro público às vésperas de primárias legislativas, o que é contra norma
O promotor federal Jorge Di Lello pediu ontem que se abra investigação para averiguar se a presidente Cristina Kirchner violou a lei eleitoral da Argentina.
Pela legislação, a presidente e os ministros são proibidos de inaugurarem obras, fazer anúncios ou qualquer ato que possa promover a captação de votos nos 15 dias anteriores às primárias obrigatórias (11 de agosto) e à eleição geral do Legislativo, em 27 de outubro.
Os deputados Alfonso Prat Gay, Ricargo Gil Lavedra e Victoria Donda, que integram a lista de pré-candidatos da frente de centro-esquerda Unen, de oposição, denunciaram anteontem a presidente à juíza eleitoral María Servini de Cubría.
Eles afirmam que Cristina tem feito inaugurações e anúncios ao lado dos candidatos do governo. Outros pré-candidatos oposicionistas também reclamaram formalmente à Justiça.
Na terça-feira, a presidente participou da inauguração de uma fábrica de máquinas de lavar roupas em Cañuelas, na companhia de seu candidato a deputado pela província de Buenos Aires, Martín Insaurralde.
Dois dias antes, ela também levou a tiracolo Insaurralde para a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, no Rio. A foto dos políticos com o papa Francisco acabou se tornando material de campanha em Buenos Aires. O governo nega que tenha feito cartazes com a imagem.
Anteontem, Cristina inaugurou um gasoduto na província de Salta. Em todas as ocasiões, a presidente afirma que está participando apenas "presencialmente" e que se trata de eventos de empresas privadas.
No entanto, o gasoduto conta com dinheiro público do Fundo Especial do Tabaco. Anteontem, Cristina anunciou um aumento na aposentadoria durante cerimônia na Bolsa do Comércio argentina.
SEM PUNIÇÃO
Para o analista político Patricio Giusto, as denúncias contra ela não terão nenhuma consequência.
"Até hoje não foram aprovados os gastos da eleição presidencial de 2007 e nada aconteceu. Nos últimos dez anos, nenhuma denúncia eleitoral foi para a frente", afirma Giusto. "A Justiça Eleitoral na Argentina não tem poder nenhum."
Caso se comprove que houve violação da lei, não cabe punição à presidente. A Justiça poderá apenas ordenar que ela pare de infringir a lei.