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Peru é bola da vez nas manifestações de rua

Apesar do crescimento acima da média da América Latina, insatisfação com governo Humala impulsiona protestos

Após 2 anos no cargo, presidente é acusado de não cumprir promessas e vê governistas presos ou sob investigação

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

"Primeiro Santiago, depois São Paulo. Agora é a nossa vez." Essa era uma das tantas faixas que desfilaram pelas ruas de Lima nos protestos de 17 a 27 de julho na capital peruana. Também era possível ler nos cartazes "Ollanta mentiroso" e "Congresso e tribunal: vergonha nacional".

Depois dos estudantes chilenos que protestaram por melhores condições de educação, em 2011, e dos jovens paulistanos de classe média nos protestos de junho último, os indignados peruanos pedem medidas anticorrupção, segurança e melhor distribuição dos ganhos da mineração.

O Peru é um dos países latino-americanos que mais crescem: 6,3%, atrás apenas dos 10,7% do Panamá. "Mas os 12 anos de bom desempenho do PIB não foram acompanhados de melhorias estruturais nem políticas. Por isso o povo está nas ruas", afirma o analista Jorge Moreno.

Em meio ao crescimento, o país implantou planos de assistência a crianças em idade escolar e adultos sem emprego. "O assistencialismo gera inclusão e, em consequência, reflexão sobre a situação do país. Daí a tomada de consciência coletiva", diz Moreno.

O aniversário de dois anos do governo Ollanta Humala, no domingo passado, não poderia ser mais tenso. Além dos protestos, membros de seu governo estão presos ou sob investigação, enquanto sua popularidade caiu de 41% para 33% em dois meses.

Eleito com a promessa de moralizar as instituições e promover o crescimento com inclusão social, Humala vem falhando, aos olhos dos peruanos. A gota d'água foram as prisões de Elsa Malpartida e Nancy Obregón, ex-congressistas governistas acusadas de ligação com o tráfico.

A mídia local tem comparado a gestão Humala às de seus antecessores, Alan García e Alejandro Toledo, ambos hoje enfrentando os tribunais, acusados de corrupção e relações com o tráfico.

Um dos descontentes que saíram do governo foi o chanceler Rafael Roncagliolo, que disse não estar vendo "o cumprimento da promessa".

Humala, um nacionalista radical de esquerda que moderou seu discurso para vencer as eleições, reconheceu a legitimidade dos protestos e disse que o país tem de se preparar para o fim da bonança causada pela alta dos preços dos produtos da mineração. "Além disso, é preciso manter o espírito vigilante e a capacidade de indignação, para não permitir a corrupção."

Sem soluções diretas, seu discurso foi considerado fraco. Esperava-se mais empenho para aprovar leis que controlem o lucro das mineradoras, assim como a democratização do acesso à Justiça.

A segurança também preocupa: dados do governo mostram grande alta nos assaltos à mão armada e estupros. O ministro do Interior, Wilfredo Pedraza, chegou a dizer que o aumento da violência se devia ao crescimento.

"É um absurdo; no Chile, há crescimento e segurança. O governo está abrindo mão de agir com rigor", diz o analista Carlos Basombrio.


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