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Jovens russos humilham gays e divulgam atos na internet

Neonazistas usam perfil falso em sites de relacionamento para atrair vítimas; eles justificam ataques como forma de combater a pedofilia

MARCELO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Com o pretexto de combater pedófilos, grupos na Rússia estão promovendo atos de humilhação contra homossexuais e postando vídeos com as agressões na internet.

Os encontros com as potenciais vítimas são marcados por meio de um perfil falso em sites de relacionamento, em alguns casos oferecendo dinheiro em troca de sexo.

Ao chegar ao local marcado, as vítimas --a maioria com menos de 25 anos-- são abordadas por um grupo e coagidas a fazer declarações humilhantes para uma câmera, que grava toda a ação.

Em ao menos dois vídeos divulgados no VKontakte, o principal site de relacionamentos russo, as vítimas são obrigadas a beber urina e a manipular pênis artificiais.

O movimento, que recebeu o nome de Occupy Pedophilyaj, começou por iniciativa de Maxim Martsinkevich. Ele é ex-líder do grupo Format18, ligado à Sociedade Nacional-Socialista, partido político de orientação neonazista banido pela Justiça russa.

Como o nome indica, as ações são justificadas como um levante contra a pedofilia --como os agressores associam a homossexualidade à pedofilia, qualquer gay passa a ser um alvo em potencial.

A organização de direitos humanos Spectrum Human Rights Alliance, que atua no leste da Europa, denunciou a ação dos grupos.

De acordo com Larry Poltavtsev, fundador da Spectrum, a ONG foi alertada por um ativista que mora em Kamensk-Uralsk, local onde foi filmada a maior parte dos ataques que pararam na internet.

Ele diz que a polícia toma conhecimento dos casos, mas é conivente. "Há cerca de 500 grupos atuando em toda a Rússia com o objetivo de humilhar e agredir gays para que eles eventualmente cometam suicídio", acusa.

Ele afirma que os grupos teriam contabilizado cinco suicídios até agora, de acordo com dados dos integrantes.

Poltavtsev é cético quanto à possibilidade de esses grupos serem punidos. "As vítimas não têm a quem recorrer. A polícia não fará nada. Talvez um dos líderes, como o próprio Maxim Martsinkevich, seja punido, mas apenas de forma leve para constar que algo foi feito", diz.

Além das ações de grupos extremistas, os homossexuais são alvo de um cerco do próprio governo russo.

Em junho, Putin sancionou lei que proíbe a divulgação e a propaganda de relações sexuais não heterossexuais (o que, na prática, proíbe manifestações a favor dos direitos civis dos gays).

Em resposta a essas decisões e a casos de violência, ativistas estão defendendo o boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, na cidade russa de Sochi, e a marcas famosas de vodca.


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