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EUA alimentam presos à força em base

Entidades condenam técnica usada contra greve de fome em Guantánamo; governo diz que é 'procedimento médico'

Dos 44 prisioneiros em greve de fome na base atualmente, 33 estão sendo alimentados à força, diz militar

PATRÍCIA CAMPOS MELLO ENVIADA ESPECIAL À BASE DE GUANTÁNAMO

Sem conseguir fechar a prisão na base de Guantánamo, em Cuba, o governo dos EUA enfrenta uma "epidemia" de greve de fome por acusados de terrorismo que são mantidos em um limbo jurídico.

No fim de junho, o número de grevistas chegou a 106, entre os 166 detentos. Para evitar mortes, as autoridades passaram a alimentar muitos à força, o que, para organizações de direitos humanos, é uma forma de tortura.

Ontem, segundo o Pentágono informou à Folha, havia 44 prisioneiros em greve de fome e 33 sendo alimentados à força. A redução, em parte, foi obtida com a flexibilização de algumas regras na prisão, como o isolamento.

Durante o recente Ramadã (mês sagrado do islã), presos foram autorizados a rezar em grupos, por exemplo.

Há seis detentos que estão recebendo suplementos alimentares há mais de seis anos através de sondas, disse o capitão Robert Durand, diretor de relações públicas da prisão de Guantánamo.

Os detentos são amarrados a uma cadeira, enquanto uma sonda é inserida pelo nariz até o estômago, em procedimento doloroso que dura entre uma e duas horas.

"A alimentação forçada viola os principais valores éticos da profissão médica. Qualquer paciente tem o direito de recusar intervenções médicas", escreveu o presidente da Associação Médica Americana, Jeremy Lazarus.

"Não vamos interromper a alimentação forçada, trata-se de uma política dos EUA de preservar a vida por meios legais", disse Durand. Ele rechaça comparações do método com a tortura. "Alimentação forçada é um procedimento médico, que não provoca dor --há vários vídeos de meninas fazendo isso no YouTube."

A maioria dos prisioneiros em jejum já tem autorização para ser transferido, mas esperam há anos.

Obama, em resposta à greve de fome, anunciou no fim de maio que seriam retomadas as transferências de detentos para outros países e que voltaria a tentar fechar a prisão, como prometeu no início do primeiro mandato.

Até 2006, prisioneiros da chamada "guerra ao terror" eram frequentemente torturados em prisões secretas da CIA na Polônia, Romênia, Marrocos ou Jordânia. Os chamados "detentos de alto valor" foram transferidos para Guantánamo em 2006.

Em 2009, Obama disse que não seriam mais admitidas confissões obtidas por meio de "coerção".

Além do "waterboarding" --simulação de afogamento"", os presos eram submetidos a horas em posições desconfortáveis, a frio e calor extremos e à privação de sono.


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