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EUA não têm dúvidas de que Assad usou gás

Secretário de Estado John Kerry diz que ditador sírio 'terá que prestar contas' sobre massacre com armas químicas

Segundo ele, Obama ainda avalia resposta adequada ao ataque que teria matado centenas na semana passada

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

Nas mais duras declarações do governo americano sobre a guerra civil síria, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse ontem que o governo do país não tem mais dúvidas de que o regime de Bashar al-Assad usou armas químicas no conflito --o que, para muitos, prepara o terreno para uma intervenção militar no país.

"O regime de Assad terá que prestar contas sobre o que fez", declarou Kerry em Washington, acrescentando que o presidente Barack Obama ainda avalia como irá responder ao "uso indiscriminado" dessas armas.

A declaração ocorreu após imagens de dezenas de vítimas de um provável ataque com gás sarin nos arredores de Damasco terem corrido o mundo na última semana.

A insurgência síria acusa o regime de Assad de estar por trás da ação, que pode ter deixado ao menos 1.300 mortos em 21 de agosto. O ditador, porém, culpa a oposição.

"O que vimos lá na semana passada deveria chocar a consciência do mundo. O massacre indiscriminado de civis com armas químicas é uma obscenidade moral", disse Kerry.

Mais cedo, o chanceler britânico, William Hague, havia afirmado que seria possível levar adiante uma intervenção militar na Síria mesmo sem o consenso do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Aliada da Síria, a Rússia tem impedido resoluções nesse órgão desde o início do conflito civil, em 2011.

Em Washington, Kerry afirmou ter dito ao chanceler sírio, Walid Muallim, que, se o regime de Assad não tem nada a esconder, deveria ter permitido acesso imediato a investigadores da ONU.

Os inspetores, porém, receberam apenas anteontem autorização para realizar a investigação sobre o suposto uso de armas químicas. Ontem, eles foram alvejados por franco-atiradores a caminho do local de inspeção, mas depois conseguiram colher amostras para a investigação.

Em entrevista publicada ontem no jornal russo "Izvestia", Assad afirmou que é ilógico acusar seu regime de estar por trás de um ataque químico. "É um ultraje ao senso comum", disse.

O ditador insistiu, ainda, que uma intervenção militar americana seria um fracasso, "assim como todas as guerras que eles travaram, do Vietnã até os dias de hoje".

Em agosto de 2012, Obama havia dito que o uso de armas químicas, proibidas em convenção da ONU, seria a "linha vermelha" que a ditadura síria não poderia ultrapassar.

Kerry disse que Obama estava conversando com líderes do Congresso americano, mas sem dar detalhes se o presidente já procura apoio para alguma ação no país.

Em julho, a ONU calculou em mais de 100 mil o número de mortos em dois anos e meio de conflito na Síria.

Pesquisa do mês passado da rede CNN dizia que 60% dos americanos são contra qualquer envolvimento militar na Síria.

Para analistas americanos, Obama sofre de uma "síndrome do Iraque" --ele foi eleito por ter sido contra a guerra promovida pelo antecessor, George Bush, então seria mais cauteloso antes de se envolver em qualquer iniciativa militar.


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